Ha Menina Apaixonada por Rosa

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Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

Karine Rosa

Nota: Trecho da crônica "Sapato velho", publicada em 12 de julho de 2009. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Caio Fernando Abreu e Tati Bernardi.

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Os outros eu conheci por acaso. Você eu encontrei porque era preciso.

Eu sou é eu mesmo. Divirjo de todo o mundo…
Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Hoje, temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas somos mais juntos. Sabemos mais um do outro. E é por esse motivo que dizer adeus se torna tão complicado. Digamos, então, que nada se perderá. Pelo menos, dentro da gente.

Penso que chega um momento na vida da gente, em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de "eternidade".

Guimarães Rosa

Nota: 24 Cartas de João Guimarães Rosa a Antonio Azeredo da Silveira.

Ser pai não é dar ao filho o que ele quer, mas sim o que ele necessita para encontrar o próprio caminho.

Ser pai não é apenas estar presente quando o filho precisa, mas também ausentar-se quando ele não necessita.

Ser pai não é querer o filho para si, mas saber dividi-lo com quem ele prefere conviver.

Ser pai não é somente gostar dos bons resultados das coisas que o filho faz, mas compreender e dividir os maus resultados.

Ser pai não é amar o filho que você quer que ele seja, mas amá-lo como ele é.

Ser pai não é apoiar o filho quando se quer, mas sim quando ele quer.

Ser pai não é construir o filho, mas apoiá-la em sua construção e reconstrução.

Ser pai não é "sufocar" o filho, mas deixá-lo vir a você quando ele precisar.

Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perda de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, na cabeça e no coração.

Karine Rosa

Nota: Trecho da crônica "Sapato velho", publicada em 12 de julho de 2009. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Caio Fernando Abreu e Tati Bernardi.

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Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado.

Acredito que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve, jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perda de espaço, tempo, paciência e sentimento.

Karine Rosa

Nota: Trecho da crônica "Sapato velho", publicada em 12 de julho de 2009. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Caio Fernando Abreu e Tati Bernardi.

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Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir...

Guimarães Rosa
Ave, palavra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

Sigo à risca.
Me descuido e vou… Quebro a cara.
Quebro o coração.
Tropeço em mim.
Me atolo nos cinco sentidos.

O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer é ver a gente
aprendendo a ser capaz
de ficar alegre a mais,
no meio da alegria,
e inda mais alegre
ainda no meio da tristeza!
A vida inventa!
A gente principia as coisas,
no não saber por que,
e desde aí perde o poder de continuação
porque a vida é mutirão de todos,
por todos remexida e temperada.
O mais importante e bonito, do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior.
Viver é muito perigoso; e não é não.
Nem sei explicar estas coisas.
Um sentir é o do sentente, mas outro é do sentidor.

Olhe em meus olhos e
encontrará as respostas que procura,
pois minhas palavras dizem o que penso
e meus olhos são simplesmente o espelho do que sinto.

Saber lutar, por si só, já é vencer.

As vezes temos que controlar nossos sentimentos e desistir do que amamos,aprendi que perder as vezes é ganhar, e que nem sempre quando ganho sou vitoriosa, cansei de sofrer por valorizar demais algo que não tinha tanto valor, desvalorizando os meus sentimentos, nem tudo é como queremos, não desisti porque fiquei cansada, desisti por ter cansado de sofrer!

PÍLULAS DO GRANDE SERTÃO

Coração da gente – o escuro, escuros.

Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade.

Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar.

No sistema de jagunços, amigo era o braço, e o aço!

Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.

O amor? Pássaro que põe ovos de ferro.

Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.

A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.

O diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro!

O diabo, na rua, no meio do redemunho.

O Arrenegado, o Cão, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé-de-Pato, o Sujo, o Homem, o Tisnado, o Coxo, o Temba, o Azarape, o Coisa-Ruim, o Mafarro, o Pé-Preto, o Canho, o Duba-Dubá, o Rapaz, o Tristonho, o Não-sei-que-diga, O-que-nunca-se-ri, o Sem-Gracejos... Pois, não existe! E, se não existe, como é que se pode se contratar pacto com ele?

Quem muito se evita, se convive.

Julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.

O que lembro, tenho.

Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.

Quem mói no asp'ro, não fantaseia.

Quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente.

Vingar... é lamber, frio, o que outro cozinhou quente demais.

Quem sabe do orgulho, quem sabe da loucura alheia?

Ser chefe – por fora um pouquinho amarga; mas, por dentro, é rosinhas flores.

Um chefe carece de saber é aquilo que ele não pergunta.

Comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem.

Toda saudade é uma espécie de velhice.

Riu, de me dar nojo. Mas nojo medo é, é não?

Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor.

Tudo é e não é.

Mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir.

Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!

O sertão é do tamanho do mundo.

Sertão: é dentro da gente.

O sertão é sem lugar.

O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa.

O sertão não chama ninguém às claras; mais, porém, se esconde e acena.

O sertão é uma espera enorme.

Sertão: quem sabe dele é urubu, gavião, gaivota, esses pássaros: eles estão sempre no alto, apalpando ares com pendurado pé, com o olhar remedindo a alegria e as misérias todas.

A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero.

A vida é muito discordada. Tem partes. Tem artes. Tem as neblinas de Siruiz. Tem as caras todas do Cão, e as vertentes do viver.

Manter firme uma opinião, na vontade do homem, em mundo transviável tão grande, é dificultoso.

Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo.

Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães...

Feito flecha, feito faca, feito fogo.

Vi: o que guerreia é o bicho, não é o homem.

Até que, um dia, eu estava repousando, no claro estar, em rede de algodão rendada. Alegria me espertou, um pressentimento. Quando eu olhei, vinha vindo uma moça. Otacília.
Meu coração rebateu, estava dizendo que o velho era sempre novo. Afirmo ao senhor, minha Otacília ainda se orçava mais linda, me saudou com o salvável carinho, adianto de amor.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas que sempre passa. E você ainda pode ter um muito pedaço bom de alegria... Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua.

Guimarães Rosa
Sagarana (1946).

Nota: Trecho do conto A hora e vez de Augusto Matraga.

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Antes de me criticares, descobre quem sou.
Pois posso ser como tu e, ao me criticares, criticas-te também.

Eu me lembro das coisas, antes delas acontecerem...

O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas