Grandes Pensadores do Mundo
É mais fácil responsabilizar um outro por nossas falhas ou por alguma decisão para a qual não bastam nossas próprias forças. A liberdade nos coloca em confronto com as escolhas e com nosso ser interior.
Quando escolhemos alguma coisa, também devemos assumir a responsabilidade por essa decisão. Feita a escolha, não podemos mais escapar dela. Depois da escolha, depois de saber o que decidimos, é que ficamos sabendo quem de fato nós somos.
Cada escolha toma uma possibilidade e abandona a outra. Mais precisamente, a tomada de uma decisão significa encerrar um universo inteiro de possibilidades. Todo “Sim” está também encaixado à firme negação de seu oposto e assim nos assevera o conhecimento de nós mesmo.
É que sempre determinamos nosso caminho físico sobre a terra como apenas uma linha e nunca como um plano; assim devemos, através da vida, se quisermos agarrar firmemente e possuir alguma coisa, deixar de lado, à direita e à esquerda do caminho, inumeráveis outras coisas e renunciar a todas elas. Se não pudermos nos resolver, mas quisermos pegar tudo que nos chama a atenção de passagem, como uma criança em uma quermesse, será o mesmo que tentarmos transformar a linha de nosso caminho em um plano; ficaremos a correr em zigue-zague, perseguindo aqui um vaga-lume, ali um fogo fátuo ilusório e permanecendo sem nada. Quem deseja ser tudo, acaba não sendo nada. Quem tudo quer, tudo perde.
Eu me submerjo em mim mesmo e encontro um mundo. Aquele Eu que me conduz para mim mesmo, também é quem me mata...
Os seres humanos tem de aprender a sobrepor-se à vida, têm de entender que todos os sucessos e acontecimentos, todas as alegrias não podem afetar seu Eu melhor e mais íntimo e que, portanto, todos os movimentos exteriores não passam dos lances de um jogo.
Eles buscavam o porquê, ao invés de considerarem o quê; eles aspiravam ao distante, ao invés de captarem o que lhes ficava mais próximo; eles saíam em todas as direções, ao invés de voltarem-se para si mesmos, o único lugar em que todos os enigmas encontram algum tipo de solução.
A morte é o gênio inspirador, a musa da filosofia... Sem ela, dificilmente ter-se-ia filosofado.
À verdade é permitida apenas uma celebração breve da vitória, a saber, entre os dois longos períodos em que é condenada como paradoxal e desprezada como trivial.
Saiba:
Todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem
Saiba:
Todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu
Saiba:
Todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar
"Não existe verdade absoluta", já dizia Platão. Esse seria o primeiro item que gravaria em mim para nunca mais esquecer. Não existe verdade absoluta, assim como não existe certo e errado. O que existe é o ser humano, sua consciência e seu enorme leque de escolhas. Em segundo lugar, quero lembrar-me sempre que a vida não está no nosso trabalho, nas nossas festas e nem nos planos que fazemos para o futuro. A vida é o que acontece a cada segundo, a cada respiração, a cada sentimento. E nós somos essa experiência diária. Somos a liberdade do vento que nos corta, a imensidão do céu e a grandeza do amor. Nós somos a parte mais complexa e mais intensa do universo. E que universo!
Olho em volta e consigo enxergar uma magia em tudo que acontece. Até naquelas situações que avaliamos como negativas. Pare e veja! Se prestarmos atenção veremos que tudo que acontece é uma pecinha que completa um quebra-cabeça. E que a cada peça ele vai tomando forma. É como se cada passo nosso estivesse interconectado com uma lei própria, cronometrado em uma sincronia incrível. Os amigos, os amores, a família... A vida vai dançando a música que escolhemos com uma melodia harmônica. E é essa a percepção que proporciona a alegria de viver. A alegria de ser único, inteiro e completo. E também de poder acrescentar, de ser parte de algo maior e muito além de nossa compreensão racional. As opções estão aí.
Escolhi como verdade as palavras que escuto nas entrelinhas e no silêncio.
Escolhi que o certo é o que o coração fala e a cabeça pondera.
Escolhi ser a parte do universo que acredita e que é feliz simplesmente por existir.
(E o que mais dói) é viver num corpo que é o sepulcro que nos aprisiona (segundo Platão), do mesmo modo como a concha aprisiona a ostra.
"Torna-te o que és!" Nietzsche
Não seja uma aparência, não fale sobre o que não pensa, não minta sobre a ti mesmo, assim pensas que estará enganando ao teu próximo, mas não passas de um tolo enganando a ti mesmo!
Seja só você...
Nietzsche caiu tanto no senso comum, que qualquer pessimismo ou crise existencial é visto como niilismo.
Vi uma pixação escrita num muro: 'Deus está morto' (Nietzsche). Escrevi abaixo: 'Nietzsche está morto' (Deus).
Você conhece Hitler melhor do que Nietzsche, Napoleão melhor do que Pestalozzi. Um rei significa mais para você do que Sigmund Freud.
Na verdade, se o próprio Cristo estivesse no meu caminho eu, como Nietzsche, não hesitaria em esmagá-lo como um verme.
Nietzsche e Sartre, que perderam o pai quando jovens. Será que Nietzsche teria se tornado o Anticristo se o pai, um pastor luterano, não tivesse morrido quando ele era criança? Na autobiografia de Sartre, ele demonstra alívio por não precisar ter a aprovação do pai.
O eterno retorno é uma ideia misteriosa e, com elas, Nietzsche pôs muitos filósofos em dificuldades: pensar que um dia tudo vai se repetir como foi vivido e que tal repetição ainda vai se repetir indefinidamente! O que significa esse mito insensato?
O mito do eterno retorno afirma, por negação, que a vida que desaparece de uma vez por todas, que não volta mais, é semelhante a uma sombra, não tem peso, está morta por antecipação, e por mais atroz, mais bela, mais esplêndida que seja, essa atrocidade, essa beleza, esse esplendor não têm o menor sentido. Essa vida é tão importante quanto uma entre dois reinos africanos do século XIV, que não alterou em nada a face do mundo, embora trezentos mil negros tenham encontrado nela a morte depois de suplícios indescritíveis.
Será que essa guerra entre dois reinos africanos do século XIV se modifica pelo fato de se repetir um número incalculável de vezes no eterno retorno?
Sim: ela se tornará um bloco que se forma e perdura, e sua brutalidade não terá remissão.
Se a Revolução Francesa devesse se repetir eternamente, a historiografia francesa se mostraria menos orgulhosa de Robespierre. Mas como ele trata de algo que não voltará, os anos sangrentos não passam de palavras, teorias, discussões, são mais leves que uma pluma, já não provocam medo. Existe uma diferença infinita entre um Robespierre que apareceu uma só vez na história e um Robespierre que voltaria eternamente para cortar a cabeça dos franceses.
Digamos, portanto, que a ideia do eterno retorno designa uma perspectiva em que as coisas não parecem ser como nós as conhecemos: elas aparecem para nós sem a circunstância atenuante de sua fugacidade. Com efeito, essa circunstância atenuante nos impede de pronunciar qualquer veredicto. Como condenar o que é efêmero? As nuvens alaranjadas do crepúsculo douram todas as coisas com o encanto da nostalgia: até mesmo a guilhotina.
Não faz muito tempo, surpreendi-me experimentando uma sensação incrível: folheando um livro sobre Hitler, fiquei emocionado com algumas fotos dele; lembravam-me o tempo de minha infância; eu a vivi durante a guerra; diversos membros da minha família foram mortos nos campos de concentração nazistas; mas o que era a sua morte diante dessa fotografia Hitler que me lembrava um tempo passado da minha vida, um tempo que não voltaria mais?
Essa reconciliação com Hitler trai a profunda perversão, moral inerente a um mundo fundado essencialmente sobre a inexistência do retorno, pois nesse mundo tudo é perdoado por antecipação e tudo é, portanto, cinicamente permitido.
(A Insustentável Leveza do Ser)
