Gosto do Perigo
Quase sempre apressado
Sou eu quem chego primeiro
No seu suspiro derradeiro
Eu quem estarei ao seu lado
E não serrei dissimulado
Te mostrarei aonde errou
As vezes que me ignorou
Sem conseguir me reverter
Vai notar que é meu dever
Esquecer o que não zelou
Nas sombras do tempo, ele caminhava solitário pelas ruas de memórias desbotadas. Seu coração, um mausoléu de amor, guardava o fogo sagrado por ela. Ela, a musa imortal de seus sonhos, vivia na penumbra de sua ausência, uma presença tão vazia quanto as ruínas de um templo esquecido.
Anos haviam se passado desde que suas vozes se entrelaçaram em canções de promessas e suspiros. Anos desde que seus olhares se perderam nos labirintos da alma um do outro. Mas para ele, o tempo era apenas uma cortina fina entre o que foi e o que poderia ser.
Ela era como a névoa da manhã, presente, mas intangível. Ignorava-o como se ele fosse uma sombra indesejada em seu horizonte. Seu silêncio era uma sentença, sua indiferença, uma espada que dilacerava sua alma a cada dia.
Mas mesmo na morte ficta de sua conexão, ele persistia, seu coração como um farol na escuridão, esperando por um vislumbre da chama que um dia ardeu tão intensamente entre eles. Ele a amava além das palavras, além do tempo, além da própria morte.
Em seu amor, ele encontrava uma imortalidade que transcende os limites do mundo físico. Seu amor era uma epopeia, uma saga de esperança contra toda a lógica, contra toda a razão.
E assim, nas brumas do esquecimento, ele continuava a tecer os fios do seu amor, esperando pelo dia em que a morte ficta que os separava se dissolveria, e eles se encontrariam mais uma vez nos braços do destino, onde o tempo não teria poder sobre o eterno laço que os unia.
Na dança efêmera da vida a findar,
Cada alma encontra seu término a vibrar.
Não são os anos que moldam a jornada,
Mas sim o viver, na estrada iluminada.
Em cada passo, um conto a tecer,
O tempo, efêmero, a desaparecer.
Importa mais a essência, a intensidade,
Do que a contagem fria da saudade.
A vida é um poema breve a declamar,
Cada instante, uma chance de amar.
Na fugacidade, a lição se revela,
O valor da existência, joia singela.
Assim, em despedidas que ecoam,
Encontramos sentido no que ficou.
Pois no palco efêmero da mortalidade,
A arte é viver com autenticidade.
De um lado, exclusões e inclusões, predileções e desprestígios, baixa auto estima e alta auto estima, afetos e desafetos, escolhidos e preteridos, nas redes apenas se reproduz, por vezes, um retrato da realidade. Por outro lado, há perfis que são ficções totalmente distorcidas do cotidiano, por onde, o perfil se auto referencia, com algo inexistente no mundo real, em ilusão singular. Na Matrix, em Nárnia, em um imaginário qualquer...
O processo de autorrealização envolve uma autoavaliação de si-mesmo sem deixar que influências externas e comparações com outros interfiram naquilo que temos como essência única que nos tornam diferentes, é uma busca interna e pessoal para atingir a felicidade e a plenitude.
Em busca de sentido
Se você deseja, eu também quero,
O mesmo que te faz bem.
Você e eu, juntos em qualquer canto,
No céu, na terra, no rio ou no mar.
Vamos nós buscar sentido,
Dormir abraçados, olhando as estrelas.
Tudo parece bom—
A música, o vinho, o tom da voz,
Nosso paraíso perdido.
Um lampejo de eternidade
Ilumina o mundo
Quando estamos sós.
"A vida é simples, as pessoas que não são. O indivíduo modifica o ambiente, o ambiente modifica o indivíduo"
As aparências não enganam mais senão ao próprio enganador. Ele acredita tanto que vive num patamar bem acima da realidade que não mais importa a sensatez de um equilíbrio emocional e financeiro. A verdadeira preocupação é com o que menos importa: O que pensam ou não de nós mesmos. Eu prefiro ouvir minha própria consciência.
Contrato metafísico
Em um dia de cansaço,
o que quer um homem?
O fim da labuta,
dessa inglória luta
contra o absurdo.
Quando percebe
que o fim está próximo,
não raro, todo homem compreende
que não é mais hora de disputa.
A vida, essa peça curta
que engendramos com
fios de esperança vã...
Se desgasta.
Como uma roupa usada,
a alma se sente em farrapos e,
como um velho trapo,
desistimos de tudo, rasgamos
o contrato que fizemos
com a metafísica.
O Eterno Crepúsculo
Caminha o homem, sem rumo, sem lares,
Sob um céu de cinzas, em tons sepulcrais.
O vento murmura segredos dos ares,
Levando memórias, levando sinais.
As cidades jazem, ruínas vazias,
O tempo as consome, num último ardor.
Os nomes se apagam, virando poesias,
Sussurros dispersos, sem fé, sem fulgor.
A vida, um eco que morre ao ser dita,
Um breve estilhaço em meio ao vão.
O homem conhece a dor infinita
De ser luz fugaz na imensidão.
Sem pressa caminha, pois nada perdura,
Nem o tempo, nem a razão.
E no efêmero, a beleza mais pura,
O peso da morte, a redenção.
Ergue-se o sol, um astro em cansaço,
Suspenso no abismo do tempo sem fim.
O homem sorri, num último instante,
E some no vento, num verso ruim.
Aprenda a suportar a solidão de cada derrota para que possa desfrutar desta mesma solidão quando saborear o gosto da sua vitória.
Aprenda com a classe política. Alguém só vai te apoiar nesta vida em troca de alguma coisa. No máximo seus pais, seus irmãos, sua esposa e seus filhos estarão do seu lado nos momentos difíceis. Tenha certeza que todos seus amigos estarão próximos quando forem momentos de celebração.
“Uma coisa é certa em nossos corações, nada acontecerá que Deus não tenha decidido.”
Ministério Resgate
Unção e Legado
A vida
é um livro
Com um poema
de amor inacabado
No qual ,todos os dias,
uma nova página é aberta,
Uma nova emoção e descoberta
e um novo verso de amor é rabiscado.
Maria do Socorro Domingos
Quando Deus Se Chamava Lear
Disse-se outrora que houve um rei cujo nome não era nome, mas sentença. Chamavam-no Lear — embora esse som não bastasse para contê-lo. Não era homem, nem rei apenas: era a imagem que o mundo fazia de Deus em ruína.
Governou por anos uma terra que se curvava ao gesto de sua mão. Mas, como todo soberano que envelhece, quis dividir o poder antes que a terra o dividisse a ele. Três filhas. Três mundos. Pediu amor, mas em voz alta. Pediu afeto, mas diante da corte. Queria ternura, mas com pompa. Queria certeza — o que só os deuses buscam quando estão à beira da dúvida.
As duas primeiras disseram o que ele queria ouvir. A terceira, não disse.
E foi expulsa.
Desde então, Lear vagou por campos de vento e neblina, coroado apenas pela ausência. Aos poucos, descobriu que a coroa que pesava sobre sua fronte não era de ouro — era o silêncio.
Chorou pela primeira vez numa noite sem estrelas, onde os trovões respondiam às suas perguntas com risos. Gritou aos céus: “Sou mais pecador ou mais punido?”. O céu não respondeu.
Mas ali — no barro, na lama, no desabrigo — nasceu algo que jamais possuíra no trono: visão.
Não dos olhos, que já falhavam. Mas da alma.
Viu o mendigo e o bobo. Viu o traidor. Viu a filha fiel, que nada dissera porque tudo sentia. Viu o tempo, que não se dobra à vontade dos reis. Viu Deus, talvez — mas hesitante, escondido sob o capuz de um louco.
Quando enfim morreu, ninguém soube. Nem sinos dobraram, nem anais registraram o fim do reinado.
Mas alguns dizem que, em certos dias de tempestade, uma voz ainda ecoa pelas montanhas:
“A arte é o consolo no abismo onde o próprio Deus hesita.”
E nesse eco, dizem, está Lear — não mais rei, não mais homem,
mas lembrança.
