Fui
Fui ao limite mais pra você não foi nada de mais, águas passadas, portas trancadas, melhor o fim, melhor assim
Já com um nó na garganta fui procurar aquele que tanto me conhece. Me aconselhou a procurar outro sorriso. Encontrei com olhar diferente do seu, para não correr o risco.
Na minha vida fui o figurante.
O seu protagonista foi outro, não eu.
Talvez a abdicação, o tédio, o sonho infante!
Velho entusiasmo que desfaleceu.
Sou aquele que esta sempre ao canto
Esperando a hora de ir embora.
E que aguarda com a avidez de um santo
O momento oportuno do abrir da porta.
Uma nova aurora, um novo ciclo;
Talvez quem sabe um nada novo!
Tudo contínua, eu inexisto,
Na hora confusa de agora há pouco.
"Quem sou eu? Eu! Talvez. Fui feito para ser único. Não no ego, único na vida!
Entre razões e distorções de mim. Entre o bem, o mal e os bons. Melhor? Só se eu fosse podre de rico!"
Você sabe que não fui eu quem desisti. Sabe que eu fiquei e ficaria até os últimos dias da minha vida.
Eu fui sufocando minhas ansiedades que tanto me fazia mal, para esperar com a paciência o melhor da vida que sempre quis me derrubar;
Eu sempre fui fã de pequenas e simples maravilhas. Não que eu seja fácil de agradar ou me contente com pouco, mas eu sempre fui conquistada por detalhes. Pequenas qualidades me deixam apaixonada, e simples e adoráveis hábitos me deixam encantada. Eu gosto das pequenas coisas que ainda não foram percebidas pela maioria das pessoas.
Levantei hoje cedo e, aos poucos, fui me deparando com inúmeras verdades. Acordei minha filha, que imediatamente reclamou que estava com sono (verdade). Fiz a leite pra ela, a troquei, e ouvi dela que preferia ficar comigo, brincar era mais divertido (verdade). Falei que não podia, já que tinha que trabalhar (verdade). Peguei o carro, deixei ela na escola e, logo depois, tive que aturar um velhinho andando na esquerda "na velocidade máxima compatível com o local" - 40 km/h - (verdade). Depois de um breve passeio no comboio consegui fugir dele e, acreditem, por vinte minutos fiquei no trânsito e acabei ultrapassado por ele, ainda na "velocidade máxima compatível com o local" (verdade). Corri, cortei, pulei, voltei, contornei, gritei, e finalmente cheguei no trabalho correndo e... ninguém tinha chegado ainda... sou um tonto (verdade). Então é isso, pra conciliar um monte de verdades individuais, acabamos criando uma grande mentira chamada rotina.
Eu fui conquistando o meu espaço como se não tivesse nenhum sentido para fazer morada no seu coração esperando que todas as coisas se movam em minha direção;
E minhas memórias sopram em minhas lembranças trazendo a saudade para os meus pensamentos;
Eu fui, sou e sempre serei uma contradição que nunca fingiu das razões, mas também não deixo minhas loucuras de amor;
Eu fui ficando cada vez mais triste, melancólico, deprimido. Já não conseguia nem comer, nem dormir direito. Já havia passado da fase de causar dó.
De uns tempos pra cá, fui percebendo uma frieza que não existia. Não digo pelo clima — Salvador faz um calor danado —, mas por tudo o que anda acontecendo comigo.
Passei também a não atender celular. Com o tempo, já não marquei mais nada e fui cortando papo. Não queria mostrar que estava tudo bem, porque não estava.
Fui mudando pequenas coisas em mim nos últimos tempos, que quando me dei conta, eu já enxergava outra pessoa em mim. Desencanei de alguns erros e já não me exijo tanto. Houve um tempo que eu lamentava muito pelas coisas, hoje eu não sofro mais por besteira nenhuma.
