Fui

Já fui menor que meus erros, sou maior que minhas correções, a autoexigência agora vem com compreensão, o balanço me mantém em pé.

Fui quebrado, mas cada caco refletiu uma nova parte de mim.

Já fui ferida, hoje sou ferramenta.

Fui pó, vento e fé e em tudo, Deus permaneceu.

Já fui tempestade, hoje aprendi a chover com calma.

Já fui preso ao passado, hoje sou livre na gratidão.

Fui chamado louco por acreditar e foi assim que venci.

Já fui inverno, hoje sou primavera em reconstrução.

Já fui ferido por quem dizia me amar, e aprendi a me amar primeiro.

Fui moldado pela dor, mas polido pelo perdão.

Eu existo entre o que fui e o que estou me tornando.

Já fui tempestade, hoje aprendi a chover sem destruir.

Já fui uma ovelha que se perdeu dos cuidados do Senhor, vaguei pelos montes ferido e cansado, mas Cristo, com amor, veio me buscar. Hoje, transformado, reconheço, meu Pastor jamais me abandonou.

Nunca tive infância. Fui lançado à pressa do mundo, obrigado a crescer antes de compreender a vida, envelheci de dentro para fora. Sonhei com uma infância que nunca existiu, um abrigo inventado para suportar a ausência do que jamais vivi. Cresci depressa demais, e no lugar dos risos ficaram apenas os ecos de um tempo que nunca foi meu.

O tempo me tirou pressa e me deu propósito, já fui verbo, hoje sou silêncio que fala.

Já fui dúvida, hoje sou entrega.

Já fui promessa, hoje sou cumprimento.

Já fui ferida, mas aprendi a não sangrar em vão.

Já fui escuridão, hoje sou luz que lembra de onde veio.

Já fui ruína, hoje sou reconstrução.