Frases de Florbela Espanca

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Pena é não haver um manicómio para corações, que para cabeças há muitos.

"Afinal, quem é que tem a pretensão de não ser louca?... Loucos somos todos, e livre-me Deus dos verdadeiros ajuizados, que esses são piores que o diabo!"

Ódio por ele? Não...se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado (...)
Nunca mais amá-lo é já bastante! (...)
Ódio por ele? Não... não vale a pena...

Os teus olhos são frios como espadas
E claros como trágicos punhais
Têm brilhos cortantes de metais
Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais

"... longe de ti são ermos os caminhos."

Os livros - é o remédio que eu sempre receito e quase sempre dá um resultado razoável. Ponho em jogo o egoísmo humano, e lembro-me de que sempre há-de consolar a nossa dor o espectáculo da dor dos outros...

"É só teu o meu livro; guarda-o bem;
Nele floresce o nosso casto amor
Nascido nesse dia em que o destino
Uniu o teu olhar à minha dor."

Um retrato é apenas a ideia aproximada de uma pessoa. A graça de um sorriso, o olhar, a expressão e tudo quanto para mim é a beleza, não pode verdadeiramente existir num retrato.

" Amar não é ser egoísta, é tantas, tantas vezes o sacrifício de nós próprios! A dedicação de todos os instantes, um interesse sem cálculo, uns cuidados que em pequeninas coisas se revelam e o pensamento constante de fazer a felicidade de quem se ama. "

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Procurei o amor, que me mentiu
Pedi à vida mais do que ela dava..

Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!
Chora o silêncio... nada... ninguém vem...

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que fui querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
(...)
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

A vida meu amor quer vivê-la
Na mesma taça, erguida em tuas mãos,
Bocas unidas hemos de bebê-la
Que importa o mundo e As ilusões defuntas?...
Que importa o mundo e seus orgulhos vãs?...
O mundo, Amor?... As nossas bocas juntas

Cantigas leva-as o vento...

A lembrança dos teus beijos
Inda na minh'alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste.

Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar'cido
Revive numa saudade

Há uma primavera em cada vida
é preciso cantá-la assim florida.
(Em "Charneca em flor: sonetos – Fonte: Templo Cultural Delfos)

o meu mundo não é como o dos outros:
quero demais, exijo demais.
há em mim uma sede de infinito

O mundo quer-me mal porque ninguém tem asas como eu tenho. Porque meu reino fica para além... Porque eu sou eu e porque eu sou alguém!

O mundo quer-me mal porque ninguém tem asas como eu tenho...

Gritando que me acudam, em voz rouca
Eu, náufraga da vida, ando a morrer