Frases de Thiago de Mello

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Quem não sonha o azul do vôo, perde o poder de pássaro. É sonhar, mas cavalgando o sonho e inventando o chão para o sonho florescer.

Thiago de Mello
Vento geral, 1951-1981

Fica decretado que o homem se sentará na mesa, com seu olhar limpo, porque a verdade será servida antes da sobremesa.

Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Pois dentro desta manhã
vou caminhando. E me vou
tão feliz como a criança
que me leva pela mão.
Não tenho nem faço rumo:
vou no rumo da manhã,
levado pelo menino
(ele conhece caminhos
e mundos, melhor do que eu).

Thiago de Mello
Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas

O importante não é o caminho, mas o caminhar.

O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Ainda que o gesto me doa, não encolho a mão: avanço levando um ramo de sol.

Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas,têm direito a converte-se em manhãs de domingo.

Faz escuro mas eu canto.

“Oh como somos tristes. Tão terrivelmente tristes ao fim das noites alegres.”

Somente sou quando em verso.

Thiago de Mello
Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas

Amor me ensina a ser
a verdade que invento
para te merecer.

Desfaço-me do que sonho:
faço-me sonho de alguém
oculto. Talvez um Deus
sonhe comigo, cobice
o que eu guardo e nunca usei.

Thiago de Mello
Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas

Artigo XIII

Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Thiago de Mello

Nota: Trecho do poema "Estatutos do Homem"

E estamos todos juntos.
A nossa força tem o sortilégio da seiva torrencial da primavera.

Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Santiago do Chile, abril de 1964