Frases de Mario Quintana
O que há de mais admirável nas democracias é a facilidade com que qualquer pessoa pode passar da crônica policial para a crônica social.
Antes, se alguém começava a ouvir vozes, era adorado como um santo ou queimado como um bruxo. Agora, é simplesmente encaminhado ao psiquiatra.
Bebê
Coisinha deficiente, inconsciente, inerme, inválida, trabalhosa, querida.
O que prejudica a minha preguiça prejudica o meu trabalho.
O comum dos homens só se interessa pela sua própria pessoa, mas o poeta só se interessa pelo seu próprio eu.
A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem sempre um quê de proibido: algo assim como essa tentação irresistível que leva os garotos a riscar a brancura dos muros.
A morte não iguala ninguém: há caveiras que possuem todos os dentes.
A morte é um abrir de todas as porteiras; um desabalado tropel de cavalos.
A poesia, como todo verdadeiro jogo, é uma luta da astúcia contra o acaso.
O espaço é cheio de buracos: nós, as coisas, os mundos. A perfeição seria o espaço puro, fica ele a pensar com os seus buracos... Mas isso, Sr. Espaço, é uma coisa tão impossível como a poesia pura.
Sempre fui metafísico. Só penso na morte, em Deus e em como passar uma velhice confortável.
A nossa própria alma apanha-nos em flagrante nos espelhos que olhamos sem querer.
O progresso é a insidiosa substituição da harmonia pela cacofonia.
Não gosto do Carnaval porque parece filme histórico italiano.
As civilizações
As civilizações desabam
por implosão...
Depois,
como um filme passando às avessas
elas se erguem em câmera lenta do chão.
Não há de ser nada...
Os arqueólogos esperam, pacientemente,
A sua ocasião!
O ópio
Dizem os comunistas que a religião é o ópio do povo; outros dizem que o ópio do povo é precisamente o comunismo; se pedissem a minha opinião, eu diria que o ópio do povo é o trabalho.
A função do poeta não é explicar-se. A função do poeta é expressar-se.