Frases de Luís de Camões
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
O fraco rei faz fraca a forte gente.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
A verdadeira afeição na longa ausência se prova.
Amor é fogo que arde sem se ver.
Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente.
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
Amar é um cuidar que se ganha em se perder.
Extremos são de amor os que padeço,
Ó humano tesouro, ó doce glória;
E se cuido que acabo então começo.
Assim te trago sempre na memória;
Nem sei se vivo, ou morro, mas conheço,
Que ao fim da batalha é a vitória
Coisas impossíveis, melhor esquecê-las que desejá-las.
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia o pai, servia a ela,
e a ela só por prémio pretendia.
O amor com seus contrários se acrescenta.
Prometeis, e não cumpris?
Pois sem cumprir, tudo é nada.
Não sois bem aconselhada;
que quem promete, se mente,
o que perde não o sente.
A minha caravela? Ela balança mas não para.
Nas praias desertas onde mar junta ciscos, para castiçal do inferno, o cão é melhor do que cristo.
Anda sempre tão unido o meu tormento comigo que eu mesmo sou meu perigo.
A Morte, que da vida o nó desata,
os nós, que dá o Amor, cortar quisera
na Ausência, que é contra ele espada fera,
e com o Tempo, que tudo desbarata.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.