ESPERANÇA Quando vemos a noite passar... Maria Luiza Silveira Teles

ESPERANÇA



Quando vemos a noite passar

Sem que o sono venha

é porque estamos a pensar:

alguns em preocupações

outros nas dores do coração.



Quando a madrugada aponta

noite e dia se misturam

Os segredos que a ninguém se conta

Começam a gritar em nossas almas.



E a gente se põe a lembrar

De entes queridos que se foram

Da leveza da infância e da mocidade

Tudo que mora hoje na saudade.



Ah vida linda, vida louca, vida torta,

Que fizeste ao bater-me na cara tua porta?

Eu que amo passarinho, chuva, estrelas,

Flores e cheiro de terra molhada,

Eu que tenho alma de criança

Sonho, amo e não perco a esperança...



Eu que vivo como pastor da noite

A escutar sonhos, gemidos

e dores de almas alheias...

Que fizeste comigo, ó vida?

Por que me negaste

O amor com que sonhei?



Por que me deixaste

Sozinha e perdida na noite do passado

Sentindo n’alma o açoite

Do frio cortante

Da dor e da agonia?





Engolindo as lágrimas,

Preparo a face

Para o dia que se anuncia.

Encontrarei, por fim,

Em qualquer de tuas esquinas

A surpresa e o espanto

De uma sonhada alegria?



A vida prossegue

Em cascatas e remansos.

E eu acalento a esperança

De ser plena um dia...