7 de setembro, bandeira no céu. Mas... Adailson Pereira Sales

7 de setembro, bandeira no céu.

Mas nossa independência

É só papel.

Foi grito, foi pose, foi teatro, foi cena.

O povo aplaudia

mas a dívida

já nascia.

Do Ipiranga à City de Londres o grito virou contrato e o contrato virou corrente corrente invisível elegante, porém permanente.

Paga aqui, refinancia lá

juros sobe, esperança cai

o nome é bonito

soberania Nacional.

Mas no extrato.

Dependência Global.

Diziam

Somos livres, somos bravos, somos gigantes.

Mentira elegante!

Escravos modernos, pagadores constantes.

Dois milhões de libras

e um século inteiro de promessas quebradas

de um lado a coroa caía.

Do outro, o povo segurava as algemas douradas.

Se fosse hoje? Dois bilhões quem se importa?

O problema não é o preço.

É o ciclo. É a porta que nunca se fecha, é a dívida que nunca morre

O banco não te mata

ele te deixa vivo

Pra pagar.

Independência ou morte! gritou Dom Pedro.

E a Inglaterra respondeu

assine aqui, parceiro.

Enquanto o povo gritava

o banqueiro calculava.

Enquanto a criança nascia

a dívida já a registrava.

E aqui estamos

exportando vida

Importando miséria.

Riqueza some na bolsa

e volta na fatura bancária.

A bandeira tremula mas quem segura é o vento da ilusão.

Somos livres na música

somos livres no hino

mas escravos na prestação.

7 de setembro é só desfile

É só fumaça pra esconder

que a independência nunca chegou. E talvez nunca vá nascer.