CONVIVÊNCIA NEGRA Falar de consciência... Jorgeane Borges
CONVIVÊNCIA NEGRA
Falar de consciência negra sem reconhecer nossa própria origem é como existir sem memória. É repetir discursos prontos sem permitir que a história atravesse a pele, o sangue, a identidade. É tentar celebrar algo que ainda não se entendeu, que ainda não se reconheceu, que ainda não se honrou.
Consciência negra não é só uma data, não é só um post. É memória viva. É ancestralidade pulsando em cada gesto, cada corpo, cada território que guarda marcas de resistência. É olhar para nós mesmos e enxergar o que o mundo tentou apagar. É permitir que a história antes silenciada volte a respirar.
Sem consciência da própria origem, tudo vira superfície. Vira celebração vazia, vira homenagem incompleta. Porque só entende o presente quem se permite mergulhar no passado inclusive o que dói, o que pesa, o que foi arrancado.
Ter consciência negra é lembrar que somos continuidade. É saber que cada sorriso, cada conquista, cada espaço ocupado hoje é resultado de caminhadas que vieram muito antes de nós. É reconhecer que a memória é um direito, uma raiz e um farol.
Não existe consciência sem memória.
E não existe memória sem coragem.
Consciência exige memória.
Memória exige humanidade.
E humanidade exige coragem para ver, ouvir e honrar o que fomos, o que somos e o que ainda seremos.
Humanos — mas só completos quando não esquecemos de onde viemos.
20 de Novembro 2025
