Amordaçadas Ah, Deus... se cada palavra... Jorgeane Borges
Amordaçadas
Ah, Deus...
se cada palavra tivesse o poder de gotejar como ferida aberta —
dessas que expulsam o que faz doer —
talvez existissem curativos capazes de cicatrizar
todas as tristezas deixadas por palavras que ferem a alma.
E ela, ferida de morte,
morre amordaçada,
sem direito de gemer o próprio sangrar.
Quantas almas mortas em corpos vazios cruzamos por aí?
Tantas seguem caladas,
sem brilho no olhar,
sem o direito de falar sem ser julgadas por sentir.
E eu...
eu sou alma ferida,
perdida,
morta a vagar...