Era uma tarde chuvosa quando Ana decidiu... Ana Carolina Paulo
Era uma tarde chuvosa quando Ana decidiu abrir o livro que Ale lhe deixara. O título, "Ecos do Coração", reluzia na lombada, como se esperasse por ela. Relendo o livro que você me deu, Ana sentia que cada página era um eco do seu ser. As palavras pareciam vibrar com a essência dele, e, por um momento, ela podia quase ouvir sua voz suave sussurrando os trechos mais marcantes.
A saudade era uma constante em sua vida, um doce sofrer que se intensificava a cada dia que passava. A distância entre eles parecia um abismo, mas as palavras de Ale eram como cordas que a uniam a ele, mesmo que em espírito. Em cada frase, ela tentava amenizar a saudade que era, buscando conforto nas memórias que dançavam em sua mente.
Enquanto a chuva tamborilava na janela, Ana se perdeu em lembranças. Os olhares trocados em silêncio, os sorrisos cúmplices que apenas eles entendiam. A cada página virada, suas palavras a abraçavam, a aqueciam, como um cobertor em uma noite fria. Seus risos ecoavam em sua mente, e ela sentia que, de algum modo, ele ainda estava ali, tecendo sua presença no silêncio daquela sala.
O tempo, ah, o tempo é cruel. Ele se arrastava, e a saudade tornava-se uma sombra constante. Mas Ana sabia que a memória era forte. Entre as linhas do livro, ela encontrava seu olhar, aquele olhar que sempre a fazia sonhar. Era como se cada palavra tivesse sido escrita especialmente para ela, um refúgio em meio à dor da ausência.
Ana fechou os olhos, permitindo-se sonhar com o dia em que finalmente poderia encontrá-lo novamente. Até que esse dia chegasse, ela se dedicaria a viver cada palavra, cada lembrança, como um presente que a vida lhe dera. O livro se tornara mais do que um objeto; era um mapa que a guiava de volta ao amor que nunca a abandonara.
E assim, naquelas páginas amareladas, Ana encontrou não apenas a saudade, mas também a esperança. A certeza de que, mesmo distantes, os laços do coração são eternos, e que um dia, em algum lugar, eles se reencontrariam.
