O livro Agonia das Religiões, de José... José Herculano Pires

O livro Agonia das Religiões, de José Herculano Pires, publicado em 1968, é uma das obras mais lúcidas e contundentes sobre a crise espiritual do mundo moderno e o papel do Espiritismo nesse cenário. O autor, filósofo, jornalista e profundo estudioso da Codificação de Allan Kardec, analisa a decadência das instituições religiosas tradicionais frente ao avanço da ciência, da razão e da consciência crítica do homem contemporâneo.

1. Contexto histórico e diagnóstico.

Herculano observa que, no século XX, as religiões tradicionais, presas ao dogmatismo e à literalidade dos textos sagrados, entraram em processo de desgaste. Elas não conseguiram responder às inquietações de um homem mais esclarecido, que já não se satisfaz com crenças impostas pela autoridade, mas busca uma fé racional. Assim, vivem sua "agonia": não no sentido de aniquilamento imediato, mas de lenta perda de vitalidade e de poder sobre as consciências.

2. Crítica às religiões tradicionais
O autor denuncia que muitas religiões cristalizaram-se em estruturas de poder, mais preocupadas com o domínio social e político do que com a libertação espiritual. A fé dogmática, apegada ao milagre e à superstição, tornou-se incompatível com o espírito científico. Isso levou ao afastamento crescente entre religião e cultura, fé e razão.

3. O papel da ciência
A ciência, embora muitas vezes interpretada como inimiga da fé, surge no livro como elemento de libertação. Ela dissolve os mitos e rompe o obscurantismo, mas não elimina a necessidade espiritual do ser humano. Herculano destaca que o homem moderno precisa de uma espiritualidade compatível com a razão e aberta ao progresso.

4. O Espiritismo como resposta
Na perspectiva de Herculano Pires, o Espiritismo surge como a "religião do futuro", não no sentido institucional, mas como uma revelação libertadora. Por unir ciência, filosofia e religião, ele apresenta respostas racionais e experimentais às questões fundamentais da vida: a imortalidade, a comunicabilidade dos espíritos e a lei de evolução.
O Espiritismo não se impõe por dogmas, mas por diálogo com a ciência e pela experiência pessoal de cada consciência.

5. A espiritualidade do futuro
O autor não defende o desaparecimento da religiosidade, mas a superação das formas arcaicas e dogmáticas de religião. A "agonia" é o processo de transformação. O homem do futuro, segundo ele, viverá uma espiritualidade lúcida, livre de imposições, onde a fé será raciocinada, a moral será vivida pela consciência e a religião será interior, universal e ética.

Síntese Final.
Em Agonia das Religiões, José Herculano Pires mostra que as religiões tradicionais se esgotam diante da modernidade, enquanto o Espiritismo se apresenta como o caminho de síntese entre ciência e espiritualidade. A "agonia" não significa fim da vida religiosa do homem, mas o renascimento de uma nova forma de espiritualidade, compatível com a razão e com as exigências do espírito imortal.
Autor do resumo: Marcelo Caetano Monteiro.