Poeira Só o que me basta. Se o que... RENATO JAGUARÃO

Poeira Só o que me basta.


Se o que tenho no meu rancho é pouco,
Não sei o que é muito, então.
Tenho a China mais linda do mundo,
Parceira do chimarão.


Tenho um cavalo de lei,
As ensilhas de patrão.
Um campo não muito grande,
Mas tem mangueira e galpão.


Ando sempre de bombacha
E a velha boina encarnada.
Gosto de penca e bolicho,
Me agrada a genetiada.


Demais não me falta nada,
Nasci pra lida campeira.
Deus, ainda de regalo,
Me fez nascer na fronteira.


E no dia que me for,
Que o home chamar pra perto,
Me enterre de bombacha
Na terra a campo aberto.


Assim que voltar de novo,
Pois creio na encarnação,
Já tô perto da querência,
E fardado de peão.


Guarde todas minhas ensilhas,
Apetrechos e meu catre,
Cuidem bem do meu galpão,
Minha bomba e cuia do mate.


Sei que volto pra querência,
Pro velho fogo de chão,
Pra lidar com a cavalhada
E seguir a tradição.


E se acaso eu não volte,
Alguém siga meu legado,
De gaúcho de peão
Pra lidar no campo com gado.


E lembre que nessa terra,
Pros lados dessa fronteira,
Sempre haverá um gaúcho,
Rancho, galpão e mangueira.


Renato Jaguarão