A ideia de que usamos apenas 10% do... ONG VitorAI

A ideia de que usamos apenas 10% do cérebro é um dos maiores mitos da ciência moderna. Sua origem remonta a 1907, quando o psicólogo e filósofo William James escreveu que “fazemos uso de apenas uma pequena parte dos nossos possíveis recursos mentais e físicos”. Ele nunca falou em porcentagem, mas sua frase foi distorcida. Nas décadas de 1920 e 1930, o radialista Lowell Thomas popularizou a versão numérica em palestras e no prefácio de um livro de Dale Carnegie, transformando uma metáfora em suposta verdade científica. A comparação com animais de cérebros grandes, como macacos e golfinhos, alimentou o imaginário popular. O mito atravessou o século e encontrou eco na cultura pop, sendo eternizado por filmes e romances de ficção científica. Um marco foi o filme Lucy, de Luc Besson, em 2014, que apresentou a ideia de forma espetacular, gravando-a no inconsciente coletivo. A ciência, no entanto, prova que utilizamos todas as áreas do cérebro, ainda que em intensidades diferentes. O mito persiste porque oferece a ilusão de um potencial oculto esperando para ser desbloqueado — uma narrativa sedutora que mistura esperança e mistério, mas que já foi desmontada pela neurociência.