Quando o Universo Me Beijou Com Teu Nome... Tamara Guglielmi

Quando o Universo Me Beijou Com Teu Nome

por Tamara T. Guglielmi

Dizem que o universo nasceu de uma explosão,
mas eu — eu sei:
ele nasceu no instante exato em que teus olhos
beberam os meus sem pressa.
Tudo antes disso era silêncio esperando voz,
partitura sem melodia,
uma prece sussurrada por estrelas órfãs.

As estrelas?
São cicatrizes do céu —
um céu que se rompeu de tanto te desejar.
O tempo?
Apenas um bicho manso,
que se deita entre nossos corpos suados,
oferecendo-nos o agora com olhos de eternidade.

Quando me tocas,
as galáxias se inclinam em reverência,
e até o caos cessa seus gritos,
para ouvir o som do teu nome nos meus lábios.
Planetas giram ao redor da curva dos teus ombros
como se ali estivesse o eixo de todos os milagres.

Teu riso?
Ah, teu riso...
é o idioma que os anjos esqueceram,
mas que minha alma sempre soube de cor.
É retorno ao ventre do mundo,
à primeira música,
à origem do amor antes de haver palavra.

Te amar é habitar todos os tempos,
todos os corpos, todas as danças.
É caminhar descalça sobre campos dourados
na infância de alguém que ainda não nasceu.
É dançar no meio da chuva
com a febre de quem sabe que está vivo.
É ser poema antigo —
aquele que tua pele reconhece antes dos olhos.

Somos feitos da mesma substância
que os deuses guardaram só para si:
carne embriagada de céu,
pecado redimido em milagre,
beijo que carrega tanto morte quanto ressurreição.

Se o universo acabar, que me desintegre em teus braços.
Se houver outra vida, que eu renasça do lado esquerdo do teu peito,
onde mora o teu silêncio mais terno.
E se o nada for tudo o que restar,
que eu o atravesse com teu nome em meus lábios,
como oração sem fim.
Porque mesmo no escuro —
te amarei com a luz que deixaste em mim.