Sei não. A gente é pra viver para... Fábio Murilo

Sei não. A gente é pra viver para sempre, faz parte de nossa natureza, quanto mais vida tivéssemos. Nos apegamos, temos consciência, inteligência, percepção de nossa finitude. Perdemos um braço, e ainda assim, continuamos, uma perna, um pulmão, nos abalamos, mas, continuamos. E quem tá rua agora, então, ao relento, sem internet, dormindo cedo por falta de opção, que motivação os prendem a existência, a insistência em permanecer, a não se deixar ir embora, embora. Se bem que tão melhores em certos aspectos a muitos que moram em palácios. A vida é uma só, vai dizer isso a quem não tem uma vida tão favorável, a um menos afortunado, que não vive, sobrevive sabe Deus como, vai dizer isso a quem perdeu um filho em tenra idade, um
natimorto. Alguns reclamam daqui mas, na hora de partir quer ficar, ao menor perigo, uma gripe mal curada, um arranhão no pé que virou um abscesso, se agarram com unhas e dentes, desesperadamente. Amanhã o céu estará azul, o vento soprando, os passarinhos cantando. É ruim mas é boa. Ou como diz o matuto: "A rapadura é doce, mas, não é mole".