POESIA NO VARAL Penduro os meus ais num... Péricles Michel Andrade

POESIA NO VARAL

Penduro os meus ais num varal de veias,
e esses suspiros se perdem nessas teias,
preso no emaranhado intrincado surreal,
heroico permaneço estoico, qual Parsifal.

Melancolia me paralisa
e a paralisia me avisa,
o lamento é bem lento,
é dor do movimento.

O riso quara em minha cara se vejo o teu,
enfrento a tristeza que a tua falta reflete,
se corto a cabeça de Medusa, sou Perseu,
nada petrifica ao querer que me acomete.
Dentro de mim imparcial julgo o meu jugo

Fujo da inércia que incita
adrenalina me agita,
a ação agora é o coração,
sobrepujo a razão

Dentro de mim imparcial julgo o meu jugo,
o tribunal é meu palco, ato de meus fatos,
e sob tinta da pena, me condeno, subjugo,
a te amar por meus versos e meus relatos.

Revelo meus versos a noite,
atado ao luar de açoite
e raios de prata me fustigam,
mas teus olhos litigam.

Aparento visíveis mudanças tal o camaleão,
me camuflo calado, atento atrás da gelosia,
paisagem passa fora da vidraça e no portão,
pintando a tela da minha vida com estúrdia.

Antagonizo e revezo humores,
me sinto por instinto,
choro amores e rio dissabores,
um poeta quase extinto.