ESQUARTEJADOS saboreou seus dedos... tadeumemoria

ESQUARTEJADOS
saboreou seus dedos
lembrando o medo
das seis da tarde quando ele regressava
investigou suas golas, espionou suas etiquetas
roeu falange, falanginha e falangeta
lavou seu tênis e seus testículos
lembrou momentos bonitos
que já pareciam longe
quando fingia chupar seu sangue
e morder sua glande
fez picadinho do coração
ao som de um violino e um violão:
''mas não me olhe assim,
nem pense que eu sou ruim
e nem sou revanchista
eu só quero o céu do teu olhar
no olhar do meu céu
e me enganar que você foi fiel"

"eu rejeito o amargor desse fel
e esta angústia cruel
de imaginar-me traída...

e parecia absurdo
o ar de pânico do cadáver todo duro
com os olhos fixos e arregalados
depois vamos pra serra,
depois da serra elétrica
e da imperfeita métrica desse poema "
depois do último raio do crepúsculos
relaxa os músculos
vamos pra serra, depois da serra elétrica
vamos pra caverna dos esquartejados
te disse que nosso amor era pra sempre e infinito
terei esse olhar aflito terei teus gritos
terás companheiros: Osmar, Raul e Benedito
Perdoa! A fila anda...