NADA INCOLOR Arte ingrata que não... Norma Baker

NADA INCOLOR

Arte ingrata que não desata e engata
E conquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal dos olhos me arde,
Busca exteriorizar o pensamento,
Mas Como, quando e onde ?
Que em suas fronetais células guarda!

Tarda-lhe a Idéia!
A Inspiração então em apneia
E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda e desertou,
No desespero do último momento ,

Ah finalmente a cor chegou e frisou forte ,
De certo o papel amarrotado dá má sorte,
Tenta chorar e os olhos sente enxutos!...

É como o paralítico que, à míngua cor da escrita não advém
Da própria voz e na que ardente o lavra

Febre de em vão falar, com os dedos brutus, para escrever,
Para falar, puxa e repuxa a língua,
E não lhe vem à boca uma palavra!

Finalmente falar nem convém,
A inspiração passou de apneia a refrão,
Alegria, que maravilha,
Beleza De cor em cor, nada lia, via escrevia,
Não faltava mais nada agora ao soneto que inteiro firmado na mente,

Mas desfeito e de cor em cor, que dor do autor,
Cuja caneta esfumava e nada se lia por absoluta ironia a tinta na caneta tinteiro escorria e não mais o autor escrevia
Arte ingrata que não desata engata
Pior quando empata feito um tapa e acaba no nada