Tenho vontade de gritar com ele cara a... karolamorim

Tenho vontade de gritar com ele cara a cara. As vezes vou em sua casa pra falar na lata tudo o que eu resmungo sobre a gente sozinha. Mas nunca falei. Sabe Fulano, ele não é desses caras que consegue me manter brava. Ele faz cara de choro e eu corro pra enxugar as suas lágrimas. Ele me diz pra não ir mais além e eu não consigo tirar as mãos do rosto dele. Sabe Fulano, ele uma vez me disse que não era bom em palavras, mas me escreve toda vez que quer me fazer sentir amada. Mas ele tem o dom de me deixar triste depois e eu nunca entendo o motivo de tudo isso. Pra quê ele me escreve coisas tão bonitas se depois suas atitudes não vão corresponder ao que ele me diz sentir? Ele faz cara de durão e passa horas me explicando o quanto ele é diferente dos outros caras e blábláblá. Eu fico calada porque disso eu já sei decorado. Repito essas falas em minha mente todas as vezes que tento esquecer tudo o que ele me fez. Mas ele faz questão de me falar que é único e eu sinto vontade de me esconder no cantinho da sala da minha mãe e chorar até secar. Porque ter a certeza disso me doí a cabeça as vezes. Sabe Fulano, ele dorme e eu sinto vontade de acorda-lo todos os dias. Fico acordada, olhando o quanto ele dorme tão engraçadinho. As vezes coloco a mão sobre o rosto dele e encosto os nossos lábios devagar, mas eu não falo nada do que eu queria falar. Tá tudo engasgado. Tenho medo de que um dia desses, ele acorde e me ache maluca, embora eu seja completamente louca por ele. Eu tenho medo de que um dia desses, ele esqueça de vir me visitar e esqueça de me falar sobre o quanto ele não gosta de me dar flores. E sabe Fulano, um dia desses eu pensei que eu realmente merecia que um dia ele chegasse com um buque de flores pra mim. Um dia eu sonhei que ele atravessava a esquina da minha casa e sorria com um milhão de rosas que estavam guardadas em sua casa pra me entregar. E nesse sonho, em vez de desculpas, ele me abraçava e me dizia que preferia ficar. E ele me dizia o quanto gostava de me balançar de um lado para o outro. Ele me balançava e eu me sentia uma criança em seus braços. Ele me dizia que eu era muito mais do que pensava e eu me achava demais. E sorria demais como eu nunca mais sorri. Ele me explicava que as outras mulheres não eram nada perto de mim. E então, eu acordei, lembrando de quantas mulheres correm atrás dele e do quanto eu me sinto só mais uma. E do quanto queria que elas sumissem de uma vez. Tudo bem, não tem nada de errado nisso. Ele é esperto, inteligente, bonito e bem sucedido. Gosta de história e fala muito bem sobre as energias que transmitimos. Estranho seria se alguém não se importasse com ele. Queria não me importar assim. Queria não me perder enquanto escrevo e me achar demais pra ele. Queria também me achar cada vez mais dentro dele, mas aos poucos ele se vai. E sabe Fulano, eu te digo: é difícil olhar ele ir embora na parada de ônibus, com os olhos cheios de lágrimas. É difícil explicar pra ele o quanto ele merece alguém que queira quebrar o ônibus com os braços pra que ele se assuste e se sinta mais seguro aqui. Ah, Fulano! Se pelo menos você entendesse... Mas você não entende nada e nem ele. Ele pelo menos tenta entender, mas não consegue porque cara a cara eu não falo mais nada. E eu volto pra casa sem graça toda vez. Faço cara de durona na frente dele e desmancho a cara toda vez que ele vira pro lado. Jogo as minhas armas no chão e sinto vontade de prender os meus braços envolta dos braços dele. Mas num segundo ele olha pra mim e eu já me sinto armada com medo de um dia me desarmar sem querer de uma vez. Mas sabe de uma coisa, Fulano? Bem que eu queria. Bem que eu poderia dizer tudo o que eu tenho pra dizer cara a cara. Ah Fulano, um dia ele vai entender. Mas eu quebro a cabeça pra saber Quando ele vai entender, Fulano. Quando?