Eu nunca gostei daquele apelido... Raileza

Eu nunca gostei daquele apelido supostamente carinhoso que você me deu, nem gostava daquele pudim, após todas as nossas refeições, aquele doce me deixava enjoada, mas te acompanhava porque achava delicado a forma que você se deliciava com aquilo. Nunca quis ser a namorada perfeita, tampouco a esposa querida e exemplar como eu mostrava que seria, eu só queria viver ali com você, do nosso jeito, sem estereotipo de relacionamento "nhe-nhe-nhem". Sabe aquela música, que você nos fazia ouvir trezentas vezes e eu dizia gostar? Achava ela vazia e saturada, mas suportava tranquilamente por curtir as milhares de "dançinhas" que você inventava enquanto dirigia. Por várias vezes, levantei a noite e sentei na cama pra te olhar dormir decidindo como iria te falar, o quanto gostava de você, mas o seu sorriso era irritantemente feio, sua escrita errada me brochava e seu egocentrismo me tirava do sério, porque era algo que eu não gostava nem ninguém, a não ser em mim mesma (Percebeu?). Você não é comportado, mas é disciplinado, eu gosto disso, mas esses excessos de disciplina e organização me deixam louca. Mas eu era organizada por você. Não me importei se você cortaria minha garganta, após uma briga, quando ao segundo dia resolvemos morar juntos. Não é que eu mudei minha personalidade, é que eu me adaptei a viver assim por ti, não era justo um riso tão feio, mas tão sincero de se ver, ser corrompido pelo minha personalidade ácida. Eu nunca quis nenhum romance também, queria apenas me aventurar em cima dessa paixão, mas você muito me encheu, cortou todas as oportunidades que eu tive de te falar tudo isso. E agora, te escrevo essa carta, colocarei ela aqui, ao lado do seu corpo que já frio, não sabe pedir socorro, após eu ter estourado sua cabeça. Com amor, bebê!