E se eu disser que te amo – assim, de... Professor Galvão

E se eu disser que te amo – assim, de cara,
sem mais delongas ou tímidos rodeios,
E se eu disser que à noite não consigo
sequer adormecer porque me agarro
à imagem que de ti em vão persigo?
Pois eis que o digo, amor. E logo esbarro
em tua ausência – essa lâmina exata
que me penetra e fere e sangra e mata.
E se eu arriscar e disser: eu te amo! Qual seria sua reação, qual seria a minha reação com a sua reação? Quando se ama de verdade tudo conta, felicidade, sofrimento, dor, prazer, qual a graça de dizer eu te amo e já saber a resposta, vazia, não ter reação, uma ação, um beijo daqueles inesquecíveis de fim de tarde, sentir a pele e o olhar devorando cada pedaço do outro. E se eu disser? Ou não disser? O amor não pode esperar, ele precisa voar pelo ar, ele precisa do encontro de nossos corpos.