Fragmentos
Estrela
Ah,
como são belos esses fragmentos de luz própria
que insistem em brilhar mesmo já findos há muito.
Estrela,
enganas o tempo,
este que a tudo destrói menos teu brilho.
Tu,
luzeiro meu,
tal qual tapete celeste,
és aquilo que termina, mas em mim nunca acaba.
Fragmentos de Nós
Entre versos soltos, o tempo se enlaça,
Somos fragmentos, pedaços de espaço.
Teu sorriso é breve, instante que passa,
Nos encontros e desencontros, me refaço.
Amor em pílulas, doses de eternidade,
Nas entrelinhas, busco tua verdade.
Palavras são pontes, frágeis, delicadas,
Te escrevo no silêncio, em noites caladas.
Vem, e traz contigo, a chuva e o sol,
Sons de uma vida, retalhos num lençol.
Cada toque, faísca de um universo,
Somos rascunhos, versos dispersos.
O amor é risco, rabisco no papel,
Instante fugaz, estrela no céu.
Nas curvas do dia, te encontro e me perco,
A vida é um traço, preciso e incerto.
Caminhos se cruzam, destino ou acaso?
Te amo em fragmentos, em cada intervalo.
Somos o agora, o imprevisto do dia,
Teu olhar, meu refúgio, minha poesia.
E se o tempo desfia nossos planos,
Resta-nos o momento, eternos insanos.
Na dança das horas, somos breves e belos,
Te amo em silêncio, em gritos singelos.
FRAGMENTOS DO CAOS
O caos é um fio entre os dedos,
uma dança sem coreografia,
onde o silêncio e a tempestade
se encontram no mesmo passo.
Eu, que procurei a ordem,
agora deixo os dias caírem
como folhas ao vento.
Os sonhos, feitos de estrelas quebradas,
se constroem nas fissuras do instante.
Cada erro é uma vitória secreta,
cada dúvida, um caminho escondido
na curva do tempo que escorre lento
como água por entre os dedos.
E, quando o mundo grita seu peso
em vozes de aço e de dor,
me perco no sereno vazio,
onde as pedras sabem o segredo
de como ser eternas sem esforço.
Assim, encontro a paz não em um canto,
mas na ousadia de me espalhar
pelos espaços entre o tudo e o nada.
Deixo que o caos me pinte
de cores que nunca imaginei,
e, sem pressa, aprendo
que não há fim onde tudo começa.
A cada manhã nasce uma esperança.
Cada movimento conta fragmentos de uma história que pode enraizar ou não.
Quem pode saber? Claro, ninguém.
Basta querer, acreditar e fazer acontecer.
Fragmentos de Vida
Sou um fragmento de algo maior,
partícula breve, essência e vigor.
Carrego no peito as marcas do chão,
os passos errantes que moldam a mão.
O rio murmura lições em seu curso,
a vida flui, sem pausa ou recurso.
Ora é brilho que ofusca a visão,
ora é sombra que abraça o coração.
Mas sigo em frente, por trilhas de areia,
onde o vento apaga e o tempo semeia.
Pois ser é mistério, um pacto profundo,
um breve instante no ventre do mundo.
No intrincado caleidoscópio do coração, rearranjo os fragmentos de um eu anterior, entrelaçando as cores da vivência passada com os matizes vibrantes de uma jornada futura, onde a aprendizagem se torna a bússola que guia minhas escolhas em direção a um amor mais maduro e genuíno.
Fragmentos são pequenas parte de um todo
Que nunca contam a real história
E como em um garimpo de ouro
No imenso labirinto da memória
Com riqueza espalhada pelos cantos
Assim como em um grande jogo de xadres
Fragmentos de sorriso e pranto
Contam a história real mais uma vez
"Ninguém se entristece ao ver grandes pedras quebradas, transformando-se em fragmentos menores.
Devemos regozijar-nos ao perceber que, mesmo com pedras simples, somos capazes de erguer fortalezas majestosas. Cada pequeno fragmento é uma peça valiosa na construção de grandes conquistas."
Leituras.
Você não me ouve, apenas me lê.
Nas tortas linhas deposito meus fragmentos,
pedaços da vida vivida, sentida.
As outras, as não vivenciadas carrego comigo,
docemente armazenadas em pedaços de Amor.
Frag-men-to.
fragmentos de uma memória sem nome
dedico a todas as memórias sem nome
histórias acumuladas e algumas entrelaçadas
momentos de alegria, tristeza e raiva
dedico a todas as memórias já abandonadas
que para alguém ainda perpassa
com aquele calorzinho ao recordá-las
mantendo vivo o que muito não se fala
dedico a todas as pessoas passadas
por nossas vidas que de alguma forma
mudaram nossa rota, nosso estilo, nossa nota
melhoraram ou pioraram o que vai e volta
dedico a todas as cartas sem rota
escritas em madrugadas de insônia
ou prosa… algumas com profunda paixão
aquela chama que fazia juras e serenatas, algumas no colchão…
dedico a todas as namoradas… e às amigas também
a saudade que bate no peito e diz: que saudade, meu bem
aquelas conversas de quintal, aquele cantor nada afinado
cantando com um enorme astral, quase arrebentando as cordas… do varal
dedico a todos esses fragmentos, belos e medonhos
contos de uma época de muitos outros contos
alguns até bonitos, mas outros… ah, nem te conto
desejo a você que valorize até esses desencontros
perdidos em verso, perdidos em pontos
mas vivos em algum fragmento
com alguém ou algum encontro
Eu segui.
Entre fragmentos de promessas partidas,
carregando nas costas
um eco que ainda respondia à tua voz.
Não há volta para quem atravessa entre mundos partidos.
Entre pedaços do que nunca soubemos ser,
eu ainda carrego tua ausência —
não nos braços,
mas na própria travessia.
Eu não era mais inteiro.
Nem queria ser.
Há um lugar onde o tempo se fragmenta.
As margens do que fomos se despedaçam,
e, ainda assim,
remar parece inevitável.
Fragmentos da Alma: Uma Busca Interior
As ausências gritavam em mim como espaços vazios em uma velha casa. Eram partes de quem eu fora, talvez de quem eu poderia ter sido, agora dispersas pela jornada. Algumas, lembranças esmaecidas de um caminho incerto, perdidas em desvios e encruzilhadas. Outras, cuidadosamente depositadas em uma gaveta esquecida – um relicário empoeirado no recôndito do quarto, onde o tempo parecia ter parado, carregando o peso de versões abandonadas.
Ah, essas múltiplas faces que o espelho refletia, nenhuma delas inteiramente familiar. Eram máscaras provisórias, moldadas por expectativas alheias e tentativas vãs de me encaixar em contornos que jamais foram meus. Qual delas, eu me perguntava, era a verdadeira? E, mesmo que a encontrasse, como poderia vesti-la sem sentir o tecido estranho, as costuras apertadas em minha própria pele?
Foram inúmeras as investidas, os contornos forçados contra moldes alheios, na busca por um encaixe ilusório. Em que me tentava enquadrar, afinal? A própria forma se esvaía, tornando-se uma sombra indecifrável na neblina da minha confusão.
Naquele labirinto de identidades provisórias, eu me perdi de mim. A busca pela essência, pelo núcleo indivisível que me definia, esmoreceu como uma chama vacilante. O sorriso, antes espontâneo como o desabrochar de uma flor, tornou-se um exercício consciente. E mesmo quando meus lábios se curvavam, pairava a dúvida cruel: era alegria genuína ou apenas uma pálida imitação, uma resposta condicionada ao espelho do mundo?
A jornada de reencontro era árdua, um caminhar hesitante por um terreno desconhecido. Alguns dias, os passos eram lentos e arrastados, como se o próprio tempo conspirasse contra a urgência da descoberta. Em outros, a esperança acendia um farol distante, impulsionando-me por sendas mais longas, mas promissoras.
Mas eu pressentia, no murmúrio silencioso da alma, que o encontro era inevitável. E quando, finalmente, reconhecesse meu próprio reflexo, límpido e despojado de artifícios, ah... naquele instante, eu ergueria uma muralha intransponível contra qualquer sombra que ousasse me desviar da luz reencontrada. Jamais permitiria que os fantasmas do passado me arrastassem de volta ao labirinto. A liberdade de ser, em sua plenitude, seria meu tesouro mais precioso, guardado a sete chaves no santuário do meu ser.
“A esquizofrenia não define ninguém. O preconceito, sim.”
Nina Lee Magalhães, em “Fragmentos da Realidade”
“Quando damos voz a quem vive com vozes, criamos dignidade.”
Nina Lee Magalhães, em “Fragmentos da Realidade”
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