Fome de Conhecimento

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O amor é a força mais poderosa que existe. O amor é a fruta de todas as estações.

Destruição

Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem:
Um se beija no outro, reflectido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.

Carlos Drummond de Andrade
in 'Lição de Coisas'

Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca. Às vezes sara amanhã.

Carlos Drummond de Andrade
Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Nota: Trecho do poema O amor bate na aorta.

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O amor é imortal, posto que é chama

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço.

Álvaro de Campos

Nota: Trecho de poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa

Ir ao teatro é como ir à vida sem nos comprometer.

Mas o homem que enxerga dois séculos na frente de seu tempo morre na forca...

Eu estava sonhando.
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar".

E cada instante e diferente, e cada
homen é diferente, e somos todos iguais.
No mesmo ventre o escuro inicial, na mesma terra
o silêncio global, mas não seja logo.

O Amor faz cair por terra todas as maldições.

Sociedade
O homem disse para o amigo:
- Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.

O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.

O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.

Quando foi a hora de sair,
o amigo disse para o homem:
- Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.

No caminho o homem resmunga:
- Ora essa, era o que faltava.
E a mulher ajunta: - Que idiota.

- A casa é um ninho de pulgas.
- Reparaste o bife queimado ?
O piano ruim e a comida pouca.

E todas as quintas-feiras
eles voltavam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.

Às vezes a gente só precisa abrir os olhos pra perceber que nós temos pessoas muito preciosas do nosso lado que a gente até então não sabia. Demora o jeito de olhar para as pessoas, que você vai descobrir seus amigos de verdade.

Não digo que sou um Vascaíno doente, pois doente é quem não é Vascaíno.

A verdadeira vitória tem como tarefa a batalha, não a salvação, e a honra da virtude consiste em combater, não em bater.

O boato é um ente invisível e impalpável, que fala como um homem, está em toda a parte e em nenhuma, que ninguém vê de onde surge, nem onde se esconde, que traz consigo a célebre lanterna dos contos arábicos, a favor da qual se avantaja em poder e prestígio, a tudo o que é prestigioso e poderoso.

Machado de Assis
Diário do Rio de Janeiro, 7 jan. 1862.

A maioria das pessoas de ação estão inclinadas ao fatalismo, a maioria dos pensadores acredita na providência.

Tenho dificuldade de entrar numa sala cheia de gente e dizer qualquer coisa. Não gosto. Não gosto de fazer conferência. Não gosto de discurso, não tenho a empostação de voz necessária, não tenho a presença de espírito. Geralmente, tenho respostas muito boas em 24 horas depois.

Dor que não recebeu o abrigo da palavra corre o risco de virar amargura.

"Vai, minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Poque não posso mais sofrer."

A verdade é que nós amamos a música sobre todas as coisas e as prima-donas como a nós mes­mos.

Machado de Assis
Gazeta de Notícias, 9 set. 1894.