Fiodor Dostoievski
Não há no mundo coisa mais difícil do que a sinceridade e mais fácil do que a lisonja.
(Crime e Castigo)
Sou mestre na arte de falar em silêncio. Toda a minha vida falei calando-me e vivi em mim mesmo tragédias inteiras sem pronunciar uma palavra.
Ora veja… é o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar às coisas o seu devido nome. Essa simples idéia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças até o momento em que aquela pessoa, engalamada por elas próprias, lhes mete um murro na cara.
Mentir com graça, de uma maneira pessoal, é quase melhor que dizer a verdade à maneira de todos.
(Crime e Castigo)
Eu sou um homem ridículo. Agora eles me chamam de louco. Isso seria uma promoção, se eu não continuasse sendo para eles tão ridículo quanto antes. Mas agora já nem me zango, agora todos eles são queridos para mim, e até quando riem de mim - aí é que são ainda mais queridos. Eu também riria junto - não de mim mesmo, mas por amá-los, se ao olhar para eles não ficasse tão triste. Triste porque eles não conhecem a verdade, e eu conheço a verdade. Ah, como é duro conhecer sozinho a verdade! Mas isso eles não vão entender. Não, não vão entender.
Não procures um prêmio, pois tens uma grande recompensa sobre a terra: a alegria espiritual que só o justo possui.
Mas diga-me: não está arrependida de não me ter repelido quando eu me aproximei? Foram apenas dois minutos mas tornou-me feliz para sempre.
Há em tudo um limite que é perigoso transpor, porque, uma vez transposto, já não há processo de voltar-se atrás.