Filha Sinto a sua falta

Quando uma obra parece avançada para a sua época, é simplesmente porque a sua época está atrasada em relação a ela.

Para os doentes, o mundo começa na cabeceira e acaba no pé da sua cama.

Quem não ama o seu semelhante vive uma vida estéril e prepara um túmulo triste para a sua velhice.

O amor, no seu estado social, talvez não tenha nada razoável senão a sua loucura.

Se cada um varresse a calçada da sua casa, no fim do dia a rua toda estaria limpa.

O homem vale na medida da sua capacidade de admirar.

A verdade é tão simples que não deleita: são os erros e ficções que pela sua variedade nos encantam.

Honramos a vida quando trabalhamos. O tipo de trabalho não é importante: sua realização é. Todo trabalho alimenta a alma se ele é honesto e feito para o melhor das nossas habilidades e se ele traz alegria aos outros.

Que verdades conhecia o morto?
Quem estrangulou
sua palavra?

Para suportar a sua própria história, cada um acrescenta-lhe um pouco de lenda.

Muito poucas pessoas quiseram verdadeiramente sequer um momento só da sua vida, como tão-pouco amaram.

O néscio pode associar-se a um sábio toda a sua vida, mas percebe tão pouco da verdade como a colher do gosto da sopa. O homem inteligente pode associar-se a um sábio por um minuto, e perceber tanto da verdade quanto o paladar do sabor da sopa.

Amar alguém de idade é embrenharmo-nos profundamente na sua companhia, num caminho de que teremos de regressar sozinhos, no escuro.

Aquele pensa que sabe muito, mas não sabe de nada, e a sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta.

O dever dos juízes é fazer justiça; a sua profissão, a de deferi-la. Alguns conhecem o próprio dever e exercem a profissão.

O uso do dinheiro é toda a vantagem que dá a sua posse.

Grandeza, entidade variável mas que, apesar da sua variação, continua sempre a ser a mesma.

O estilo não é a roupa, mas a pele de um romance. Faz parte da sua anatomia como as entranhas.

O amor é o romance do coração: a sua história é o prazer.

Ninguém aqui morre só a sua morte; / é um pouco de nós todos que se vai / e naquele que nasce há um pouco de todos nós / que se torna outro.