Fernando Pessoa Poema Hora Absurda
O cruel vinha de que o silêncio também seria inábil e farposo,
contudo educado, então feria, e não pense que vou esclarecer
quem, facilitando a cegueira, pressa ou tontura: O cruel era a
palavra verbalizada, e o verbo era o mal? Mas o silêncio idem ...
Penso às vezes que, quando eu estiver pronto, embora não
tenha a menor idéia de como possa ser estar-pronto, um dia, um dia
comum, um dia qualquer, um dia igual hoje, vou encontrar você claro e
calmo sentado no Bar, à minha espera. Na mesa à sua frente, um copo
de vinho que você vai erguer no ar feito uma saudação, até que eu me
aproxime sem que você desapareça, para que eu possa então te abraçar
"Assustada com o amor? Ah, não.
Tanta gente querendo, tanta gente sentindo falta.
E você de repente abençoada - e confusa? Fica não."
“Aos poucos a gente vai mudando o foco. E o lugar nem te acrescenta mais, você começa a precisar de outros lugares. E de outras pessoas. E de bebidas mais fortes. Nem pensa. Vai indo junto com as coisas. E eu só preciso de alguns abraços queridos, a companhia suave, bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez e a sincronicidade.
Tenho a impressão que a vida, as coisas foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui.
E se me perguntarem como estou, eis a resposta: Estou indo. Sem muita bagagem. Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias. Esvaziei a mala, olhei no fundo dela, limpei, e estou indo ... preenche-la com coisas novas. Sensações novas, situações novas, pessoas novas. Tudo novo !
O melhor Mestre não é o que dá as melhores respostas, mas o que faz as melhores perguntas.
Le GraAll (1978)
“Porque eu sou fiel aos meus sentimentos.
Vou estar com você quando eu realmente quiser estar.
Vou te ligar quando eu quiser falar com você.
Porque eu não passo vontade.
E nem vou passar vontade de você.
Não vou fazer joguinho.
Eu me entrego mesmo.
Assim.
Na lata.”
"Sem platonismos, nem zen-budismos:
quero que pinte o amor Bethânia, dançar de rosto colado,
pegar na mão à meia-luz,
desenhar com a ponta dos dedos cada um dos teus traços,
ficar de olho molhado só de te ver, de repente e, se for preciso,
também virar a mesa, dar tapa na cara,
escândalo na esquina,
encher a cara de gim,
te expulsar de casa e te pedir pra voltar.
Ando tomado por emoções-Behtânia.
Essas que estão morrendo à míngua,
porque não é moderno ter emoções.
Não é in sentir amor, envolver-se.
Ficou out dizer coisas como
"quero ficar com você e é tão fundo que eu posso dizer que o fim do mundo não vai chegar mais"
ou
"quando os caminhos se separam; não tem razão que dê mais jeito"
ou
"é tão difícil ficar sem você; o teu amor é gostoso demais".
É burro cantar coisas que eu, tu, ele, nós sentimos?
É brega ter desejos e carências e dores e suspiros assim, de gente?
Sentir não é brega. Ao contrário: não existe nada mais chique.
Emocione-se e seja o rei da sua insensatez.
Bem, é só. Aceite um milhão de beijos. Abraços em todos daí."
Limite Branco
Tem sido tudo muito fácil para mim, fácil demais. Às vezes desejo ardentemente que aconteça urna desgraça, uma catástrofe que me jogue ao nível do chão, para me obrigar a despir as máscaras, o falsos gestos, as falsas palavras. Uma coisa que me torne ínfimo, ainda mais confuso e só do que sou, que me deixe a sós comigo mesmo, nu, na frente de um espelho, a investigar a minha verdadeira condição. Então eu saberia, pela primeira vez eu poderia saber. Então viria a solução final, definitiva. Levantar-me aos poucos, como um pó-de-vento, lentamente crescendo, incorporando outros seres a mim, e girando, girando sempre, tornar-me tormenta, furacão, vendaval, terremoto, cataclismo. Ou me dissolveria em poeira à primeira brisa que soprasse — quem sabe?
Dormir 24 horas foi a maneira mais delicada que encontrei de não perturbar
o equilíbrio de vocês — que é muito delicado. E também de não perturbar o meu
próprio equilíbrio — que é tão ou mais delicado.
"É você"
O amor pode vir por processos diferentes ,e andar por caminhos muito estranhos.Ele pode chegar no amanhecer,no meio do dia ou no anoitecer,ele chega de manso e penetra profundo na morada que o recebe.Suas pegadas jamais se apagam,e suas feridas nunca cicatrizam.O amor queima e seu calor muitas vezes pode levar um racional ao cáus do enlouquecimento.É um fluido de raro perfume,e sempre deve ser dosado,pois fortalece a alma.O amor é como o vento,as vezes te toca leve,as vezes bate mais forte,e as vezes causa catástrofes.O amor é uma palavra meiga,e pode também ser uma palavra dura.Pode ser um simples corte no dedinho,ou uma cicatriz de um bisturi que cortou fundo.O amor pode ser,um lápso uma fantasia,pode ser numeros,atos,pode ser astuto,insignificante ou tudo.Pode ser Pai ou Mãe,por tras de uma porta fechada,entre quatro paredes,no escuro ou no claro,61,66 ou 69,dureza,tentação ou love,o amor é o que voce chamar,tentar ou quizer,Eu Voce,tudo,enfim Ele é imortal,é como o vento,leva e traz tudo de bom e de ruim.O amor ,é voce para mim.
O apatifamento de uma nação começa pela degradação do discurso público e pela baixaria como linguagem corriqueira, adotada nos mais altos níveis de uma sociedade embrutecida.
"Eu estava sozinho no fim do mundo e não podia ter medo.
Se eu tivesse medo ficaria lá para sempre, com todo aquele branco-liso dentro de mim.
E nunca mais ninguém me entenderia.
O fim do mundo era o silêncio e o vazio. Era a solidão absoluta.
Eu não queria ficar lá, eu não queria ficar sozinho, eu não estava preparado...
A maneira de vencer o fim do mundo era enchê-lo de sons e de cores.
Então uma canção brotou do fim de mim, e eu cantei."
Queria ser extremamente corajoso; destemido e guerreiro, mas não para enfrentar batalhas, não para ser herói, não para tingir de vermelho a arena da guerra.
Queria ser um guerreiro destemido para dentro de mim, e em meu âmago onde se oculta meu inimigo mais poderoso, o qual eu não consigo determinar, decifrar muito menos descrever.
Esse ser mimetizado que quando penso em estar dominando ele me surpreende, cada vez mais poderoso, mais combativo e robustecido por meus vícios.
A cada queda, a cada curvatura me empenho em levantar, seguir em frente, porque minha fortaleza não está em mim, mais sim no que sou.
Eu Sou Capaz.
Um grande beijo em seu coração
Perazza.'.
Reflexão sobre passado.
Já passou e nada pôde ser feito para muda-lo então deixe o para trás!
Reflexão sobre o presente.
Viva-o o hoje intensamente se dando uma chance ao futuro.
Reflexão sobre o futuro.
Só se consegue o futuro vivendo o presente com vontade!
Perazza.'.
Para uma garota
Quem fala, perde a língua.
Quem perde a língua, perde sua verdade.
Coitado do guri , enterrado com seus pés vivo
Fazeres um arem em demasia
Acabe logo com seu suco de veneno
A noite gira tanto e tudo parecem não ter fim
E quando te dei o céu das minhas palavras
O chicote do homem branco sorriu como a um escravo
Ta doendo tanto e já nem sei em qual estação estou,
Vou matar este soldado de minha alma militar
Aproveitando que estou sangrando de ilusão
Sangrando a carne talvez cure o coração.
Chora-se sozinho, e não se sabe:
Sofre-se lindamente.
Com tal dignidade que dói em quem olha
As núpcias com a dor presente.
O olho do outro nunca é destino do olhar de fuga
Do feio, do torto, do doente
Pois estes estão sempre perdidos, pra lá da janela
Pensando em amor, engolindo a dor, silente.
O sorriso, fingido com maestria
É resposta à pergunta impertinente
Pois todo silêncio, é prece
Que se cala contente.
Então quase vomito e choro e sangro quando penso assim. Mas respiro fundo, esfrego as palmas das mãos, gero energia em mim. Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões como o cheiro das ervas ou reflexos esverdeados de escamas pelo apartamento e, ao encontrá-los, mesmo apenas na mente, tornar-me então outra vez capaz de afirmar, como num vício inofensivo: tenho um dragão que mora comigo. E, desse jeito, começar uma nova história que, desta vez sim, seria totalmente verdadeira, mesmo sendo completamente mentira. Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:
- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.
