Fernando Pessoa Mudanca

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Como chegar para alguém e dizer de repente eu te amo para depois explicar que esse amor independia de qualquer solicitação (...)?

Que tenho andado tão confuso que ninguém pode ousar querer saber me entender.

E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva.

E amanhã não desisto. Te procuro em outro corpo, juro que um dia te encontro. Não temos culpas. Tentei. Tentamos.

Não só por isso, nossas verdades quase nunca são iguais as dos outros, e é isso que gera o que chamamos de solidão, desencontro, incomunicabilidade. Talvez a maneira como me debato seja natural, e até positiva. É possível que eu parta daí para um conhecimento maior de mim mesmo. Então estarei livre. Acho que meu mal sou eu mesmo, esses círculos concêntricos envolvendo o centro do que devo ser. Mas só poderei me aproximar dos outros depois de começar a desvendar a mim mesmo. Antes de estender os braços, preciso saber o que há dentro desses braços, porque não quero dar somente o vazio. Também não quero me buscar nos outros, me moldar ao que eles pensam, e no fim não saber distinguir o pensar deles do meu.

Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso. Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis.

Tudo dói, e eu já nem sei mais para onde ir nem o que fazer, se ao menos você me amasse um pouco, não estaria aqui e agora, neste bar, sozinho. Longe de você e de mim.

Há situações em que o máximo que se pode fazer é rezar. E esperar, claro, entre suspiros.

A cidade lá fora, com gentes falando sempre alto demais, sem parar, entrando e saindo de lugares, bebendo, comendo coisas, pagando contas, dançando alucinadas, querendo ser felizes antes da segunda-feira: urgente.

Molhou os lábios na vodca tomando coragem de olhar para ele.

Ela estava apaixonado por ele. Perdidamente. O problema - um dos problemas, porque havia outros, bem mais graves -, o problema inicial, pelo menos, é que era cedo demais.

E o amo ainda, quem sabe mesmo agora, quem sabe mesmo sem saber direito o significado exato dessa palavra seca - amor.

Ouço músicas e encontro a nossa história no meio das letras.

Acho que estou me especializando em fazer inimizades. Não tenho mais saco pra ninguém. É grave? Tem cura? Um dia vou ter saco outra vez?

Não me encham o saco, eu fico aqui, meu bem, entre escombros. E nem morri.

Foi então que comecei a me apaixonar violenta, profunda e imediatamente.

Eu “não resisto a uma baixaria bem brega”! Resisto sim. Tenho um passado hippie que me deixou muitas coisas boas. Estou sempre preocupado com a ética, com a beleza, com a dignidade. Sou educadíssimo, e fui criado de maneira muito católica, com toda aquela culpa de “maus” pensamentos, “mas” ações, e uma terrível nostalgia da “bondade” (como a “Alice” do Woody Allen).

Caio Fernando Abreu

Nota: Carta a Guilherme de Almeida Prado

Quando você voltar outra vez veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito.

Não escreva nada, não nos procuramos mais: um dia nos cruzamos por acaso, de repente, e então vemos o que aconteceu a nossos rancores.

Eu pensei em perdoá-lo. Engolir o choro, o orgulho, a raiva e a tristeza que me invadia e corroía por dentro. Mas em menos de uma semana lá estava ele abraçado com outra. Eu sei, ele sabe, nós sabemos: acabou. De vez. Para sempre. Definitivamente. Não há mais volta. Nada será como foi um dia. Mas só quem não percebeu isto ainda foi meu coração… Pobre, pobre coração. Coração este que não aprende a lição. Coração este que está cansado de amar errado.