Fernando Pessoa Mudanca

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E hoje não. Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda.

Às vezes dá vontade de desistir de tudo, não sair mais de casa, dormir e dormir. Acabo sempre acordando cedo no dia seguinte, continuando tudo da mesma forma, na verdade não sei bem pra quê.

É preciso coragem para se arriscar num futuro incerto.

A cada dia viver me esmaga com mais força.

O amor também é uma espécie de morte (a morte da solidão, a morte do ego trancado, indivisível, furiosa e egoisticamente incomunicável). O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade.

Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.

Paciência e fé. É o que eu tenho buscado.

Naqueles dias, enlouquecia cada vez mais, querendo agora já urgente ser feliz. Percebendo minha ânsia, ele tornava-se cada vez mais remoto. Ausentava-se, retirava-se, fingia partir.

E se o telefone tocar diga que eu morri que estou mortinho da silva, estirado no chão da sala com o coração na mão. Diga que retirei meu coração com a mão – ele estava doendo demais.

E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta.

O pior não é quando o coração se tranca, pior é quando você não sabe aonde está a chave… se está com alguém, perdida ou sendo feita.

Faz um bom tempo que a vontade de escrever e de poetizar se resume a você.

Sou PhD em desilusão amorosa. Fui muito honesta nas relações, não sei jogar. Odeio quando o amor se transforma em violência, competição, morbidez.

Fiquei durante muito tempo trancado no quarto hoje. E tive que lutar várias vezes contra o desejo de chorar. Ainda estou lutando. Não vou chorar.

Você não existe. Eu não existo. Mas estou tão poderoso na minha sede que inventei a você para matar a minha sede imensa. Você está tão forte na sua fragilidade que inventou a mim para matar a sua sede exata. Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo. E porque nos inventamos um ao outro, porque éramos tudo o que precisávamos, para continuar vivendo. E porque nos inventamos, eu te confiro poder sobre o meu destino e você me confere poder sobre o teu destino. Você me dá seu futuro, eu te ofereço meu passado. Então e assim, somos presente, passado e futuro. Tempo infinito num só, esse é o eterno.

E sem saber por quê, começou a chorar sentindo-se só e pobre e feia e infeliz e confusa e abandonada e bêbada e triste, triste, triste.

Mania de fechar os olhos antes de dormir e te desejar boa noite em pensamento, dorme bem, sonha comigo, te quero muito e bem.

Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou.

Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre.

Para toda angustiante interrogação, existe uma inesperada exclamação. Para toda vírgula que não te deixa ir adiante, existe um ponto final. Para toda reticência que dói para sempre, existe um novo parágrafo.