Fernando Pessoa Ausencia

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Eu quero me chamar Mar você dizia e ria e ríamos porque era absurdo alguém querer se chamar Mar ah mar amar e você dizia coisas tolas como quando o vento bater no trigo te lembrarás da cor dos meus cabelos você não vai muito além desses príncipes pequenos.

Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. Essa expressão é fundamental na minha vida.

Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais. Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. E que seja doce tudo que tiver que ser.

Porque era a mim que ele chamava, porque era a mim que ele escolhia, porque era para mim e só para mim que ele abriria a sua porta.

Você não viu nada, você nem viu o amor. Que idade você tem, vinte? Tem cara de doze.

Cansei de tê-la como engano e resolvi que meu remédio na verdade é partir, mas por favor não venha me enganar, por favor desapareça.

Graças a Deus — que existe e, lá de cima, tá vendo tudo. Batalho ferozmente a minha paz.

Somos o resultado das escolhas que fazemos ao longo de nossa existência.

E exigimos o eterno do perecível, loucos.

Onde será que isso começa? Procuro o fio, há só a meada.

Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim, sorri. Quanto tempo dura?

Eu cavo
Tu cavas
Ele cava
Nós cavamos
Vós cavais
Eles cavam.

Não é bonito; mas é profundo

E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido.

Certo, muitas ilusões dançaram. Mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas.

"Você vai perguntar: mas houve o erro? Bem, não sei se a palavra exata é essa, erro. Mas estava ali, tão completamente ali, você me entende? No segundo seguinte, você ia tocá-la, você ia tê-la. Era tão. Tão imediata. Tão agora. Tão já. E não era. Meu Deus, não era. Foi você que errou? Foi você que não soube fazer o movimento correto? O movimento perfeito, tinha que ser um movimento perfeito.

E resisto. Gosto de mim assim, e mesmo que não houvesse mais, só por isso. Por resistir.

Os dragões não conhecem o paraíso, onde tudo acontece perfeito e nada dói nem cintila ou ofega, numa eterna monotonia de pacífica falsidade. Seu paraíso é o conflito, nunca a harmonia.

Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi.

Esse era um dos meus divertimentos favoritos nos últimos tempos: acreditava sentir em mim remotas forças reveladas e expressas naquelas sombras que moravam no fundo dos meus olhos. Não sabia que espécie de forças, afinal de contas sempre fui um desconhecido para mim mesmo...

Não tenho pressa nenhuma. Nem em relação a você nem em relação a coisa nenhuma. Eu quero que tudo aconteça naturalmente.