Falo a Verdade

A amorosidade de que falo, o sonho pelo qual brigo e para cuja realização me preparo permanentemente, exigem em mim, na minha experiência social, outra qualidade: a coragem de lutar ao lado da coragem de AMAR!

Do resto ninguém precisava saber. Quando falo de resto refiro-me ao que deu errado, ficou para trás, decepcionou, machucou… Falo das portas fechadas na cara, das pisadas no peito, tiradas maldosas de ar, ilusões da vida para nos dar uma rasteira. Falo daquilo que ninguém quer, mas que a gente faz o de sempre: passa por cima - ou finge que passa. E saí pela rua com a cara deslavada de quem é feliz. Ninguém, ninguém mesmo precisa saber do nosso esforço para tentar ser qualquer coisa além do que não deu certo.

E falo bem baixo para que os ouvidos sejam obrigados a ficar atentos e a me ouvir.

Você vem dizer que eu sou um garoto e eu falo de novo obrigado! Obrigado por dizer!

Não podemos dar a verdade a quem quer decidir que aspecto é que ela deve ter.

A medida de um erro é ao mesmo tempo a medida da verdade correspondente.

Na verdade, não existe história, apenas biografia.

De sexos, conheço apenas dois: um que se diz racional, outro que nos prova que isso não é verdade.

Por vezes a mentira exprime melhor do que a verdade aquilo que se passa na alma.

Nunca consegui fazer coincidir aquilo que eu supunha ser a verdade com aquilo que me ajudava a viver.

Toda a verdade e todo o erro, se repetidos mil vezes, tendem a converter-se no seu contrário. Apenas pela razão de nos fatigarem.

A verdade tem de ser passada de contrabando; é preciso difundi-la por partes, uma gota de cada vez, para as pessoas se habituarem, e não de uma vez só.

Cuidado para não dizeres uma verdade improvável.

Talvez fosse verdade, porém não credível
a quem fosse senhor do seu próprio juízo.

É mesmo verdade que a maior parte dos males que ocorrem ao homem são provocados por ele próprio.

A verdade é aquilo que leva ao fim.

O sonho é a infinita sombra da verdade.

A mentira, como o óleo, flutua à superfície da verdade.

O erro de Descartes é de qualidade superior à da verdade de um pedante.

Se te é indiferente matar uma criança ou uma mosca, podes dizer com verdade que estão mortos todos os valores. Mas nesse caso e em coerência com essa verdade, deve ser-te indiferente continuares livre ou seres preso. Ou enforcado.