Falar o que se Sente

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O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa
Poesias Inéditas (1919-1930)

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira;
Quem não levanta a voz, mas fala;
Quem não concorda, mas escuta.

Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!

Martha Medeiros

Nota: Trecho adaptado de um texto publicado por Martha Medeiros. Muitas vezes é atribuído erroneamente a Arnaldo Jabor.

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Mas quem sente muito cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma, nem fala
Fica só, inteiramente

Às vezes, me sinto como se estivéssemos todos presos num filme. Sabemos nossas falas, onde caminhar, como atuar, só que não há uma câmera. No entanto, não conseguimos sair do filme. E é um filme ruim.

Charles Bukowski
BUKOWSKI, C. O Capitão Saiu Para o Almoço e os Marinheiros Tomaram Conta do Navio. Porto Alegre: L&PM, 1999.
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Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

VOCÊ SABE OU VOCÊ SENTE?

Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros? Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos.

Sobretudo falam do comportamento. E falam porque supõem saber. Mas não sabem. Porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.

Só pode falar da dor de perder um filho, um pai que já perdeu, ou a mãe já ferida por tal amputação de vida. Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor. As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram.

Mas sentir o que o outro sente não significa sentir por ele. Isso é masoquismo. Significa perceber o que ele sente e ser suficientemente forte para ajudá-lo exatamente pela capacidade de não se contaminar com o que o machucou.

Se nos deixarmos contaminar (fecundar?) pelo sentimento que o outro está sentindo, como teremos forças para ajudá-lo? Só quem já foi capaz de sentir os muitos sentimentos do mundo é capaz de saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância.

Sentir os muitos sentimentos do mundo não é ser uma caixa de sofrimentos. Isso é ser infeliz. Sentir os muitos sentimentos do mundo é abrir-se a qualquer forma de sentimento. É analisá-los interiormente, deixar todos os sentimentos de que somos dotados fluir sem barreiras, sem medos, os maus, os bons, os pérfidos, os sórdidos, os baixos, os elevados, os mais puros, os melhores,
os santos.

Só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabê-los, de senti-los no próximo. Espere florescer a árvore do próprio sentimento. Vivendo, aceitando as podas da realidade e se possível fecundando. A verdade é que só sabemos o que já sentimos. Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas saber jamais. Só se sabe aquilo que já se sentiu.

Artur da Távola
Alguém que já não fui: crônicas

Se alguém nota e sente uma grande superioridade intelectual naquele com quem fala, então conclui tacitamente e sem consciência clara que este, em igual medida, notará e sentirá a sua inferioridade e a sua limitação. Essa conclusão desperta o ódio, o rancor e a raiva mais amarga.

Dizer que não sente nada é fácil. Quero ver falar isso perto da pessoa que você gosta, sem gaguejar.

FALAR

Já fui de esconder o que sentia, e sofri com isso. Hoje não escondo nada do que sinto e penso, e às vezes também sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de silêncio nocivo: o silêncio que tortura o outro, que confunde, o silêncio a fim de manter o poder num relacionamento.
Assisti ao filme Mentiras sinceras com uma pontinha de decepção – os comentários haviam sido ótimos, porém a contenção inglesa do filme me irritou um pouco. Nos momentos finais, no entanto, uma cena aparentemente simples redimiu minha frustração. Embaixo de um guarda-chuva, numa noite fria e molhada, um homem diz para uma mulher o que ela sempre precisou ouvir. E eu pensei: como é fácil libertar alguém de seus fantasmas e, libertando-o, abrir uma possibilidade de tê-lo de volta, mais inteiro.
Falar o que se sente é considerado uma fraqueza. Ao sermos absolutamente sinceros, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o mistério que nos veste tão bem, ficamos nus. E não é esse tipo de nudez que nos atrai.
Se a verdade pode parecer perturbadora para quem fala, é extremamente libertadora para quem ouve. É como se uma mão gigantesca varresse num segundo todas as nossas dúvidas. Finalmente, se sabe.
Mas sabe-se o quê? O que todos nós, no fundo, queremos saber: se somos amados.
Tão banal, não?
E no entanto essa banalidade é fomentadora das maiores carências, de traumas que nos aleijam, nos paralisam e nos afastam das pessoas que nos são mais caras. Por que a dificuldade de dizer para alguém o quanto ela é – ou foi – importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente.
A maioria das relações – entre amantes, entre pais e filhos, e mesmo entre amigos – se ampara em mentiras parciais e verdades pela metade. Pode-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentes, citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem ter a delicadeza de fazer a aguardada declaração que daria ao outro uma certeza e, com a certeza, a liberdade. Parece que só conseguimos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo. Ou, ao menos, se não souberem o essencial. E assim, através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta, frágil. Em vez de uma vida a dois, passa-se a ter uma sobrevida a dois.
Deixar o outro inseguro é uma maneira de prendê-lo a nós – e este “a nós” inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente se libertar, estará amarrado aos pontos de interrogação que colecionou. Somos sádicos e avaros ao economizar nossos “eu te perdôo”, “eu te compreendo”, “eu te aceito como és” e o nosso mais profundo “eu te amo” – não o “eu te amo” dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do hábito, e sim o “eu te amo” que significa: “Seja feliz da maneira que você escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo”.
Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Sinto muito se minha sinceridade assusta, se as pessoas preferem essa hipocrisia de só falar o que for conveniente. Esse é meu verbo, sentir. Há quem ache besteira, há quem não saiba nem conjugá-lo. Um desperdício, desses eu sinto pena.

Queria te falar tudo que sinto
O quanto já sonhei com você
As vezes que dormi sentindo seu cheiro
E as que fiquei acordado vendo a noite passar
O quanto te senti num travesseiro...
Mas me contento muito em saber
Que o sorriso que você deu
Foi eu que coloquei lá"...

É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto.

Carinho é quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente, e fala com as mãos, colocando o afago em cada dedo.

Odeio

Eu odeio o modo como fala comigo e como você não sente minha falta.
Eu odeio seu desmazelo.
Eu odeio seu modo de pensar.
Eu odeio quando me faz chorar.
Eu odeio seu sorriso lindo e como conseguia ler minha mente.
Eu odeio tanto isso em você que até me sinto doente.
Eu odeio como você me faz sentir por dentro.
E odeio quando você mente.
Eu odeio não conseguir adivinhar o que passa na sua cabeça.
Eu odeio a forma como eu sinto a sua falta.
Eu odeio saber que já tem outra no meu lugar.
Eu odeio o rumo que as coisas tomaram.
Eu odeio não poder pensar que amanhã você vai estar ao meu lado quando eu acordar.
Eu odeio saber que o errado foi você e quem sente a culpa sou eu.
Eu odeio não saber o que fazer pra que você volte depressa.
Eu odeio ver suas fotos espalhadas no meu quarto.
Eu odeio andar pela casa e cada canto que eu olhar lembrar você.
Eu odeio andar pela rua e de repente sentir seu cheiro no vento.
Eu odeio quando me pego repetindo as coisas que você dizia.
Eu odeio a forma que você invade meus sonhos todas as noites.
Eu odeio quando alguém pergunta por você eu e não sei o que dizer.
Eu odeio sentir tanta saudade.
Eu odeio saber que você não se arrepende, nem por um momento que seja.
Eu odeio ouvir uma musica e lembrar de você, mas eu odeio mesmo quando toca aquela música ...
Eu odeio não conseguir esconder de você o quanto eu te amo.
Eu odeio não conseguir entende por que o tempo demora tanto a passar depois que você se foi.
Eu odeio dormir e acordar todos os dias com você no pensamento.
Eu odeio você ter errado tanto.
Eu odeio não entender por que a palavra “ESPERANÇA” não sai do meu coração.
Eu odeio sempre comprar uma roupa nova ou ir ao cabeleireiro na intenção de você me notar.
Eu odeio a forma tão fugaz que você desgostou de mim.
Eu odeio ter que dar um passo a frente, por que no fundo eu queria mesmo era voltar para traz.
Eu odeio você não está por perto, e o fato de não me ligar.
Eu odeio como vive sua vida sem mim.
Eu odeio ter que aceitar que acabou.
Mas eu odeio principalmente não conseguir te odiar, nem um pouco, nem mesmo por um segundo, nem mesmo só por te odiar.

Existe alguém em mim que quer falar tudo que acha que sente. Quer dizer que faz qualquer coisa pra te ter ao lado todo dia à noite. Esse alguém te quer. Existe alguém que duvida. Duvida do que tu sentes e, justamente por isso, não diz o que sente. Ele não diz, e te faz achar que ele não sente nada por ti. Esse alguém te gosta muito. Existe também alguém que ferve. Alguém que ignora todo o sentimento, pois espera a cada esquina por algo melhor, algo que nunca aparece e que o faz permanecer nessa incessante busca. Esse alguém não vive sem ti.

Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos. (...)

Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. Faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessas horas não sei onde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.

Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Divã. Rio de Janeiro: Objectiva, 2002.

Quero te dizer.
É mais dificil que complicado
Como vou te falar...
Vou dizer o que sinto.
Dizer que ultimamente ando pensando muito em você.
Que você não sai da minha cabrça.
Que sonho com você quase todos os dias.
Que acordo e pergunto a Deus porque penso tanto em você.
E que nunca acho respostas para essas perguntas...
Sei que parece meio estranho uma pessoa que você nem conhece vir aqui te dizer essas coisas
Mas você nao sei da minha cabeça
E Deus. Como você é linda.
E esses teus olhos sao as coisas mais lindas que eu ja vi
Tudo o que eu disse deve ser estranho.
Mas...
Quando uma coisa que nunca aconteceu, acontece
Você nao quer saber o que é?
Sei que você tem alguém
Se o que sinto é certo? Eu não sei
Tudo o que sei e quero saber
É se posso ficar com você

Sinto um carinho imensurável por você e me orgulho em falar: você é especial para mim!
Alegro-me com a sua presença, mesmo que seja imaterial.
O fato da sua existência faz meus sentimentos transbordarem de felicidade e gratidão.
Apesar das nossas divergências ideológicas, sinto que só você me compreende, e apenas com você tenho a liberdade de expressar minhas fantasias. O por quê? Não sei! Talvez você tenha o dom de dominar “meu ponto de equilíbrio”.
Estar perto de você exalta meu estima, porque sinto completos os espaços que poucos sabem preencher.
Muitas vezes disposta a ficar sozinha me surpreendo à sua busca, procurando sua face e seu coração!
Seu olhar é uma das poucas expressões humanas que me apetece quando estou triste (porque eles são sinceros quando brilham para mim).
Às vezes, quando me encontro num recinto PTP (período de transições de pensamentos) o idealizo ao meu lado, me fornecendo subsídios para continuar a minha luta interior e social. Porque neste ébrio local imaginário você é meu exemplo de perseverança e resistência.
Com você, para você não precisei forjar inspiração (já fiz isso algumas vezes rsrsrs).
O encanto fluiu naturalmente, minhas divagações parecem fazer algum sentido (isso é raridade).
Muitas vezes ainda retorno à mesma incógnita! Vivo numa eterna antítese, Bem x Mal, Amor x Ódio e assim vai...
Mas tenho as convictas certezas:
Confio em você!
Considero-te do lado esquerdo do peito!
Jamais te esquecerei.

Como já dizia Carlos Drummond: "Há muitas razões para duvidar e uma só para crer."

Agradeço a Deus que na sua infinita sabedoria enviou-me a sua amizade como presente.

“Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer às vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo (…)”

E o que eu sinto é o tal do amor. Aquele surrado, mal-falado, desacreditado e raro amor, que eu achava que não existia mais. Pois existe. E arrebata, atropela, derruba, o violento surto de felicidade causado pelo simples vislumbre do teu rosto.