Eu sou aquilo que Perdi Fernando Pessoa
Outro dia tentei chorar. Outro dia tentei abraçar meu travesseiro. Não acontece nada. Eu não consigo sofrer porque sofrer seria menos do que isso que sinto. Tentei falar. Convidei uma amiga pra jantar e tentei falar. Fiquei rouca, enjoada, até que a voz foi embora. Tentei aceitar o abraço da minha amiga, mas minha mão não conseguiu tocar nas costas dela. Não consigo ficar triste porque ficar triste é menos do que eu estou. Não consigo aceitar nenhum tipo de amor porque nenhum tipo de amor me parece do tamanho do buraco que eu me tornei.
Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
Eu nunca amei aquele cara, Lopes. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
É que eu queria um amor novinho em folha. Que viesse de caminhos parecidos com os meus. Que conhecesse todos os lados da moeda do amor e desamor, de lágrimas e sorrisos, dos dias nublados e coloridos. Um amor que viesse de histórias bem resolvidas e terminadas. Vividos até a última gota. Assim como eu. Um amor novinho, inteiro, que viesse pra ficar enfim, para sempre; na minha história...
Não, eu nunca serei um "grande escritor",
destes que os intelectuais falam com pompa e entusiasmo,
e que povoam as galerias dos imortais,
ou que são estudados nas aulas de literatura.
Não tenho este tipo de pretensão,
mas não seria nem se eu o quisesse,
pois a natureza não me fez assim.
A natureza me fez poeta, apenas,
e se isso for lá grande coisa,
não me importa que me chames 'um poetinha', tão somente,
se é que se faz necessário chamar-me de alguma coisa.
Se não, me chame apenas pelo meu nome, e isto basta.
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perere
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.
Quero Saber.
Quero saber
Se o seu amor é cristo,
Pois sem ele eu não existo
Nem você pode crescer
Se você tem muito amor
Por seu irmão
Diga logo para ele
Que ele está em seu coração.
De casa em casa, repartindo o pão,
Louvando em todo o tempo ao senhor
Compartilhando esse grande amor
Que vem do coração do senhor
...Me insinuarei nos quatro cantos do mundo, Vibrarei nos canjerês do mar, Almas desesperadas, Eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes. Detesto os que se tapeiam, Os que brincam de cabra-cega com a vida, Eu odeio os homens práticos...
Para que eu continue humana meu sacrifício será o de esquecer? Agora saberei reconhecer na face comum de algumas pessoas que – que elas esqueceram. E nem sabem mais que esqueceram o que esqueceram.
Mas é que a verdade nunca me fez sentido. A verdade não me faz sentido! É por isso que eu a temia e a temo.
É preciso coragem para me aventurar numa tentativa de concretização do que sinto. É como se eu tivesse uma moeda e não soubesse em que país ela vale.
Nunhum gesto meu era indicativo de que eu, com os lábios secos pela sede, ia existir.
De nascer até morrer é o que eu me chamo de humana, e nunca propriamente morrerei. Mas esta não é a eternidade, é a danação. Como é luxuoso este silêncio. É acumulado de séculos. É um silêncio de barata que olha.
Por mais que eu esteja sofrendo agora, sei que não vai ser assim a vida toda. Sei que a minha felicidade está guardada, e a qualquer momento ela vai chegar. Eu acredito nisso.
Porque eu percebi que esse negócio chamado amizade não é sobre confortar ou colocar pra cima. Não. Amizade é quando - juntas - vocês sentem as mesmas coisas, sejam elas flores com fragrância de perfume francês, ou cogumelos bizarros vindos de seus corações cansados de sofrer. É quando você e outra pessoa se forçam a sentirem as mesmas coisas, e - mesmo que sejam dores e medos inimagináveis - deixam tudo mais bonito, apenas pelo fato de estarem compartilhando. Amizade é compartilhar. Não é oferecer o ombro amigo, mas chorar junto suas dores, para mostrar que ela não é a única capaz de sofrer.
