Eu sou aquilo que Perdi Fernando Pessoa

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Aproximei-me de um homem que era considerado sábio. E pensei comigo que eu era mais preparado que ele. Ninguém sabe mais do que o outro, mas ele acredita que sim, ainda que não seja verdade. Eu não sei mais do que ele, e sou consciente disso. Por isso, sou mais sábio que ele.

Um beijo imenso, onde eu possa me afogar

No quesito amor, fiquei tão seletiva que nem eu entrei na lista.

As vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois.

Eu me permito apreciar isso, a manipular a coisa a meu favor porque eu tenho a febre da faca amolada, dos céus azuis e profundos.

Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Perguntas...
Perguntei ao mar que estava tranqüilo e sereno:
De onde eu vim?
Ele me respondeu que assim como as ondas que vão e vem,
eu também já estive aqui várias vezes e como o próprio mar
eu nasci como pequeno fio d'água e fui me transformando em riacho,
me juntei a outros fios d'água e virei um rio que um dia vai se encontrar com o mar,
pois todos nós viemos e voltaremos para o mesmo Criador.

Perguntei ao vento que suavemente tocou o meu rosto:
Para onde eu deveria ir?
O Vento respondeu que eu deveria seguir sempre em frente,
mas avisou que durante o meu caminho eu iria encontrar montanhas difíceis de se transpor,
outras correntes mais fortes e fenômenos da natureza que nem sempre me seriam favoráveis.
Com todas as dificuldades o meu caminho é seguir em frente sempre,
que não iria me faltar ajuda nessa caminhada e no fim da estrada eu encontraria o meu destino.

Perguntei ao pássaro que ali passava:
Com o que eu deveria me preocupar para ser feliz?
Ele me respondeu que deveria ser com o dia de hoje.
Que o dia de ontem não poderia ser modificado e o mesmo
nos serviria como placa indicando um caminho.
Lembrou-me que o amanhã pode não chegar e carregar nossos planos.
Carregue apenas o que puder levar na grande viagem,
seu caráter, sua doçura, seu esforço, sua capacidade intelectual e sua moral.

Perguntei então a grande nuvem no céu
Para onde eu iria depois da minha jornada?
Ela me respondeu que todos os dias,
nós construímos uma escada com nossos atos e pensamentos.
Essa escada é exatamente do tamanho do lugar que podemos e merecemos alcançar.
Quanto mais o bem praticares, mais alto te levará essa escada, disse a nuvem com sabedoria.

Eu olhei de novo para o céu, e parece-me ter visto uma grande mão me acenando,
senti-me pequeno diante da grandeza do Universo, mas, enorme diante da bondade de Deus.
E foi assim que eu aprendi a construir e viver um dia de cada vez e assim, a vida fica mais leve e feliz.

Nunca mais vou pensar em você, nunca mais
Tanto faz um a mais entre tantos finais
Eu não vou semear fantasias e melancolia
Nunca mais, nunca mais...

Eu, enquanto homem, não existo somente como criatura individual, mas me descubro membro de uma grande comunidade humana. Ela me dirige, corpo e alma, desde o nascimento até a morte. Meu valor consiste em reconhecê-lo. Sou realmente um homem quando meus sentimentos, pensamentos e atos têm uma única finalidade: a comunidade e seu progresso. Minha atitude social, portanto, determinará o juízo que têm sobre mim, bom ou mau.

"Por que eu deveria me importar com a posteridade? Ela nunca fez nada por mim."

Todos os dias eu morro. E junto comigo morrem também os meus esforços, minhas tentativas, meus fracassos e até as minhas vitórias. Felicidade é saber que em cada amanhecer eu torno a viver, e sempre posso ser melhor do que eu fui antes.

Preciso mentir um pouco para que o ritmo aconteça e eu própria entenda o discurso.

Então eu virei pra ela e falei assim: ah, nada, boba, também é assim, se der, bem, se não der, amém, toca pra frente.

Fizeste que eu confessasse os pavores que tenho. Mas vou te dizer também o que não me apavora. Não tenho medo de estar sozinho, de ser desdenhado por quem quer que seja, nem de deixar seja lá o que for que eu tenha que deixar. E não tenho medo, tampouco, de cometer um erro, um erro que dure toda a vida e talvez tanto quanto a própria eternidade mesma.

James Joyce
JOYCE, J., Ulisses, 1922

Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude e de você me abrir. E minhas bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do universo. E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora. Eu tenho medo de você abrir o espartilho superficial que aperto todos os dias para me manter ereta, firme e irônica. Minha angústia particular que me faz parecer segura. Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de ser cínica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.

Eu ainda acho melhor dizer que se arrependeu do que dizer que não teve coragem de tentar.

Sempre achei que esse amor era coisa de quem não tinha nada melhor para fazer. Eu só o sentia porque estava infeliz naquela vida pacata. Só por isso. Resolvi então agitar a vida pacata. E comecei a sair mais de casa, enxergar as pessoas ao meu redor, mais viagens, mais baladas. Amor é coisa de gente pacata e agora que eu tinha uma vida agitada, poderia, finalmente, mandar esse amor embora. Tchau, coisinha besta.

Eu tenho maturidade para falar "eu errei". Tenho ousadia para dizer "me perdoe". Tenho sensibilidade para expressar "eu preciso de você". Tenho capacidade de dizer "eu te amo". Tenho humildade da receptividade. Desejo que minha vida sempre seja um canteiro de oportunidades para continuar sendo feliz... E, quando eu errar o caminho, recomeço, pois assim descubro que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

Claro que eu adoro minha casa, meu cachorro, meus amigos, meus livros, músicas. Tenho uma vida ótima. Mas nenhuma dessas coisas se comparava ao prazer que eu tinha ao ouvir o barulhinho de uma mensagem chegando. Ou de quando o telefone tocava e eu sabia que era ele e o meu coração disparava tanto que eu tinha medo de morrer antes de falar "alô".

Vai passar né? Eu sei. Com o tempo eu não vou mais olhar sua foto, nem sofrer, nem pensar o quanto é infeliz tudo o que aconteceu. Tomara que passe logo. Porque a vontade de te ressuscitar ás vezes, me domina.