Eu sou aquilo que Perdi Fernando Pessoa
Não me diga como devo ser, gosto do jeito que sou. Quem insiste em julgar os outros sempre tem alguma coisa para esconder.
Saiba pois que sou muito senhora da minha vontade, mas pouco amiga de a exprimir; quero que me adivinhem e obedeçam; sou também um pouco altiva, às vezes caprichosa, e por cima de tudo isto tenho um coração exigente. Veja se é possível encontrar tanto defeito junto.
Mas não sou completa, não.
Completa lembra realizada.
Realizada é acabada.
Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo.
Eu vivo me completando... mas falta um bocado.
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Sou de opinião de que não se devia desprezar aquele olhar atentamente para as manchas da parede,para os carvões sobre a grelha,para as nuvens,para a correnteza da água,descobrindo assim coisas maravilhosas.
Preciso admitir, sou muito irônica, e grossa as vezes, um pouco meiga de vez em quando. Gosto do meu lado apaixonada, mas quase nunca aparece. E meu lado safado chega a me assustar. Protetora e ciumenta ao extremo. Tenho um gênio difícil e um temperamento forte. As vezes sou barraqueira, outras, calma até demais. Dura como uma pedra e frágil como um vidro. Um poço de orgulho, e mais conhecida como a rainha do drama, essa sou eu. E sabe o que mais me assusta? Ainda tem gente que gosta.
Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. Também me surpreendo, os olhos abertos para o espelho pálido, de que haja tanta coisa em mim além do conhecido, tanta coisa sempre silenciosa.
Ando no traçado do tempo, a procura de mim mesmo. Até hoje não sei quem sou, mas sou um caminhante e não um conformista.
O pior é que sou vice-versa e em ziguezague. Sou inconcludente. Mas é preciso me amar como involuntariamente sou. Apenas me responsabilizo pelo que há de voluntário em mim e que é muito pouco.
Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor.
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos teus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus
Se sou esquecido, devo esquecer também.
Nota: Trecho de poema atribuído a Pablo Neruda, mas sem autoria confirmada.
Levantei-me. O tiro de misericórdia. Porque estou cansada de me defender. Sou inocente. Até ingênua porque me entrego sem garantias.
Resposta a Vinicius
Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais.
Lúcido, sim; eleito, não;
E bem triste de tantos ais
Que me enchem a imaginação.
Com que sonho? Não sei bem não.
Talvez com me bastar, feliz
– Ah, feliz como jamais fui! –
Arrancando do coração
– Arrancando pela raiz –
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.
Sou o abismo perdido entre o não ser e a escuridão. Sou o desejo e alma, correndo nua na meia-noite esquecida, procurando aquilo que não é, mas pode vir a ser; o verdadeiro anseio, a paixão.
Não imploro afeto. Não sou indiscreta nas minhas relações. Tenho poucos amigos, porque acho mais inteligente ser seletivo a respeito daqueles que você escolhe para contar os seus segredos.
– Desabrocho em coragem, embora na vida diária continue tímida. Aliás sou tímida em determinados momentos, pois fora destes tenho apenas o recato que também faz parte de mim. Sou uma ousada-encabulada: depois da grande ousadia é que me encabulo.
– Você conhece os seus maiores defeitos?
– Os maiores não conto porque eu mesma me ofendo. Mas posso falar naqueles que mais prejudicam a minha vida. Por exemplo, a grande fome de tudo, de onde decorre uma impaciência insuportável que também me prejudica.
Tenho me convivido muito ultimamente e descobri com surpresa que sou suportável às vezes até agradável de ser. Bem. Nem sempre.
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