Eu sei Dividir os Dons que Deus me Deu
De letra eu nem queria sentir o cheiro. O trabalho que Ponciano mais apreciava era o andar na poeira de um bom rabo de saia, serviço que ainda hoje é de minha especial inclinação.
Posso não ter muitas coisas,
Mas o pouco que eu tenho
é suficiente
para que eu seja uma pessoa
grata e feliz,
E sua amizade é uma delas.
Preguiça de ser quem eu fui...
Tédio de ser quem desejo ser...
Impaciência de tornar-me aquilo que sou...
ser o que sou, não me basta, mas é a paciência.
Se eu tivesse que escolher hoje entre o princípio, meio e o fim, ficaria com o princípio onde tudo nunca acabou.
Em você eu não mais penso, apenas possuo lamentos.
Seu antigo amor me corrói, mas seu atual orgulho desmedido me reconstrói.
Não quis te esquecer, mas não posso mais te ver.
Só posso crescer, enquanto de longe te vejo em picado descender...
Só to aqui devido uma garota que eu já vi nua,
Ela pediu pra mim fazer uns versus
Na hora eu só tava pensando,
Que ela sem roupa é mais bonita do que a deusa Vênus.
Alienígena
Eu venho de um mundo onde a gentileza era rainha e, o amor era seu cetro.
Eu venho de um mundo onde tratar bem era um dever.
Eu venho de um mundo onde a maior riqueza era a liberdade.
Eu venho de um mundo onde a família amparava.
Eu venho de um mundo onde a dor era sentida por todos.
Eu venho de um mundo onde havia fé.
Eu venho de um mundo onde os idosos eram os de maior valor.
Eu venho de um mundo onde crianças eram sagradas.
Eu venho de um mundo onde só se matava pra comer.
Eu venho de um mundo onde às mulheres ficavam felizes com flores.
Eu venho de um mundo onde os amigos eram amigos.
Eu venho de um mundo onde o elogio era puro.
Eu venho de um mundo não sei onde estou.
Eu vivo num mundo desgovernado, cuja bandeira é o ódio.
Eu vivo num mundo de barbárie.
Eu vivo num mundo escravizado.
Eu vivo num mundo sem proteção.
Eu vivo num mundo de egoísmo.
Eu vivo num mundo sob efeito de calmantes.
Eu vivo num mundo sem o passado.
Eu vivo num mundo profano.
Eu vivo num mundo onde o sangue corre caudalosamente pelas vielas.
Eu vivo num mundo dominado pela luxúria.
Eu vivo num mundo sem ninguém.
Eu vivo num mundo de mentiras.
Eu vivo num mundo não sei pra onde vou.
As vezes eu choro, mais por menos do que por mais, as vezes imploro talvez salgado e não sagaz, vôo no horizonte sem asas mas fugaz, em qualquer tempo momento sem intento. Sou eu me buscando no meu próprio eu.
Minha tristeza...
"Eu choro quando a dor me atormenta
E a quando saudade bate na porta
Os meus dias são tristonhos e vazios
Choro e boto tudo pra fora
Quando nada mais restar
Fecho os olhos e durmo pensando quando toda essa dor vai acabar
O meu sorriso tem um mascara pra ninguém ver a tristeza assim com o meu olhar também tem
Meus ombros carregam muita dor.
Eu sorrio pra mentir a minha dor
E assim que eu sorrir
Todos irá imagina que eu estou feliz"
Eu não quero me confundir com essa sociedade. Eu quero ajudar a criar um novo modelo de sociedade, que parta da fissura, do quebrado. É interessante notar que, na arte japonesa, a fissura valoriza o objeto que se quebrou. Depois de ser restaurado com pó de ouro, o objeto é mais valioso. Nossas vozes e nossas ideias são pó de ouro.
Precisamos trazer nossas vozes para reconstruir. Eu falo que me interessa a fissura. E acho que estamos nesse momento de fissura. Kintsugi, a arte japonesa, é uma metáfora de onde eu quero trabalhar, sobre o que eu quero falar. Quando a cerâmica quebra, eles fazem uma mistura de laca com pó de outro e colam aquilo, deixando muito visível que a colagem aconteceu. Esse, para mim, é o papel do artista contemporâneo. É aquele que cola, liga, mas não faz desaparecer. Permanece ali como incômodo, com trauma, como relevo. Ele não se incorpora ao tecido mais. Na verdade ele é a marca de que aquelas rupturas aconteceram.
Muriel, você não é uma conveniência. Eu atravessaria uma milha de vidro cortado com os pés descalços para segurar sua mão e conversar com você por uma hora. Você é tudo para mim.
Eu falo do amor como se fôssemos velhos amigos, mas a gente só se conhece por amigos em comum. A gente meio que ouve falar um do outro, e eu ouço tantas coisas sobre ele que sinto como se ele e eu nos conhecemos por muito tempo.
NA MINHA NUDEZ
Na minha nudez
Que eu seja um poema
Um corpo, uma alma
Que o rio rasga e o mar beija
Que me beija sem dó
Como eu gosto
Na fase da lua
Numa bela poesia
Na minha nudez
Que eu seja uma letra
Um poema, uma palavra
Um corpo, uma alma
Que o rio rasga e o mar beija
Sem dó ou piedade
Como eu gosto
Na fase da lua
Numa bela poesia
RELVA - CAPITULO 6
Fui ao oftalmologista. Parece surreal mas eu quase cego vou quase que semanalmente ao oftalmo, recebi uma notícia essa semana que me deixou com um sentimento estranho .
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Nós nunca queremos enxergar as coisas como elas são, sempre maquiamos para que melhor nos sirva, amizades interesseiras, vizinhas fofoqueiras, palavras não ditas. Sempre fingimos não ver. Mesmo vendo. É incrível como somos capazes de negar o que está bem diante dos nossos olhos
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- Sara, fui ao oftalmo ontem - diz Levi com voz cansada deitado na relva.
- Hã, e aí? Novidades? - Sim. Tenho novidades. Farei um transplante de córnea em 2 meses e após 20 dias de recuperação. Irei enxergar normalmente.
- COMO ASSIM?? VOCÊ ESTÁ FALANDO SÉRIO? Sara pula por cima da cerca e abraça Levi com um aperto que o fez rir com o susto e com a cena. - Sim, e as chances de sucesso são altas. - LEVI ISSO É MARAVILHOSO!!! - Sim, Sara também estou feliz, mas assustado também. Não sei como vou me adaptar a enxergar o mundo como ele realmente é. Igual aquele livro que te emprestei lembra? O escafandro e a borboleta. Me sinto daquele jeito, como se estivesse prestes a sair de um coma. Para uma nova realidade.
- Ah, Levi.. bobagem. Eu estarei perto de você. Te mostro esse novo velho mundo.
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Sara beijou levemente o rosto de Levi que sorriu como se procurasse de onde havia vindo aquele toque sutil .
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Como eu amo esse garoto, me dá vontade de explodir de chorar em tanta alegria ao saber que ele vai poder sair do casulo e ver o mundo. Quero estar ao lado dele em cada pôr do Sol, cada cor nova que ele descobrir. Eu estarei lá.
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Pintamos a vida com a paleta de cores que nos dão. Busque novas cores.
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CONTINUA
Deve ter sido amor, mas agora está tudo acabado
Deve ter sido bom, mas eu perdi isso de alguma forma
Deve ter sido amor, mas agora está tudo acabado
Do momento em que nos tocamos até nosso tempo acabar
