Eu Nao tenho Culpa de estar te Amando

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Eu presto atenção só por prestar atenção: no fundo eu não quero saber.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Quando se está com um homem assim, eu lembro “meu deus, como eu gosto disso”. Eu não gosto de trabalhar, eu não gosto de mais da metade de tudo que eu como, eu não gosto de falar ao telefone, eu não gosto de ser paquerada, eu não gosto de festa de família, eu não gosto de acordar, eu não gosto de pagar conta, eu não gosto das minhas roupas, eu não gosto de 80% dos papos que as pessoas querem começar comigo, eu não gosto de colocar o umbigo nas costas na aula de yoga, da minha vizinha que está sempre berrando com alguém ao telefone, eu não gosto da louça, do pessoal que me pergunta como faz pra trabalhar num sei onde, de listas de presentes. Mas eu gosto disso, eu vivo pra isso, eu acordo pra isso, eu trabalho pra isso, eu tomo banho pra isso.

Se eu não fosse louca ou chata, estaríamos juntos. Mas quando quero contar uma cena de loucura ou chatice minha, não lembro exatamente de nenhuma que não tenha sido provocada pela sua loucura e chatice. E quando quero lembrar da sua loucura ou chatice, não lembro exatamente de nenhuma que não tenha sido provocada pelas minhas. E de fato, não acho nada louco ou chato.

Eu minto. Digo que não sinto ciúme, digo que estou bem, digo que não gosto de flores, digo que não me importo, digo que não sinto falta.

Compreenda, eu só preciso falar com você. Não importam as palavras, os gestos, não importa mesmo se você continua a fugir e se empareda assim, se olha para longe e não me ouve nem vê ou sente. Eu só quero falar com você, escute.

Não havia um único dia em que eu não escutasse de você o quando me amava, dizia no meu ouvido ou através de bilhetes, te amo, te amo, como é que você fez para incinerar todo esse amor em tão pouco tempo, onde o escondeu, em algum guarda-volume de rodoviária, enterrou em algum matagal, como é que seu amor foi desaparecer sem deixar pista, rastro, feito um crime perfeito?

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Fora de Mim. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2010.

Quem me vê sempre parado,
Distante garante que eu não sei sambar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo as pernas de louça
Da moça que passa e não posso pegar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me ofende, humilhando, pisando,
Pensando que eu vou aturar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me vê apanhando da vida,
Duvida que eu vá revidar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo a barra do dia surgindo,
Pedindo pra gente cantar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...

O que você ainda não entendeu
é que aquele singelo sentimento
que eu tinha por você
morreu.

E não sei o que dizer, Zézinho, não estou bem. Isso é uma coisa que eu posso dizer, tendo certeza dela. Mas é também uma coisa pela qual você não pode fazer nada, e de pouco adianta eu dizer. Oh, Zé, ando tão desorientado, já faz tempo. E me escondo, e não procuro ninguém, e fico mastigando a minha desorientação.

Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua.

Não faz graça, se entrega, fazer graça é sua defesa, não se defende, eu tô bêbado, eu não tô me defendendo.

Só quero que seja natural, simples, fácil e bom. Eu não quero poucos.
Eu não quero muitos. Eu quero um. Um amor. Só um.

Ele me olhava triste. Eu não suportava seu olhar triste a lembrar-me das vezes todas que o tinha procurado inutilmente pelas ruas sem encontrá-lo. Agora que o encontrava, já não o procurava. E um encontro sem procura era tão inútil como quanto uma procura sem encontro.

" Eu já não te amava com a mesma insensatez. Bastou saber que você havia pensando em mim, fosse pela besteira que fosse, e o meu coração já batia mais devagar, ganhava autoconfiança, eu podia voltar a respirar."

‎Eu não sei amar manso, gostar devagarinho e nem ser aos poucos. O meu copo está sempre cheio, seja do que for. Meus sentimentos chegam fazendo estardalhaço e com direito a música-tema. Sou muito, o todo, o completo e mais um pouco. Ainda que me engarrafassem, eu estaria inteira em cada gota. Quer uma dose? Mas, de antemão aviso: eu devo ser mesmo um porre. Só lhe garanto, meu bem, que a ressaca é de poesia e que coisa melhor não tem. Um brinde a todos aqueles que têm coragem de sentir, de amar e de se entregar.

Inserida por jeanrosana

‎De alguma forma eu sabia que seria amor. Eu não sei, mas acho que a gente olha e pensa: 'Quero pra mim'. Mas dá um frio na barriga, um tremor, um medo de depender de alguém, de sofrer, de escolher errado, de lutar por algo que não vale a pena. Porque o coração nem sempre é mocinho. Foi por isso que corri, tentei fugir, mas quando tem que ser, não adianta, é...

Inserida por luizagabriella

Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Deus.

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Inserida por gtrevisol

Eu já quis tantas coisas. Fiz tantas outras. Dizem que a gente não deve se arrepender do que fez, só do que não fez. Mas eu não conheço nenhuma pessoa que nunca tenha se arrependido de ter feito ou dito algo. Eu já me arrependi, sim. E muito. E tive a coragem de tentar acertar as coisas. Nem sempre sei o que fazer, mas sei reconhecer um erro. Aprendi a pedir desculpas e acho isso bonito. É importante a gente conseguir olhar para dentro e fazer uma análise crua de quem somos.

Inserida por biancavasconcelos

Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Perdoando Deus.

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Inserida por beamorim

“Eu, você e todos nós estamos a procura de algo que ainda não experimentamos, algo que a gente supõe que exista e que nos fará mais felizes ou menos infelizes"

Inserida por shemaciel