Eu e Voce de Luiz Antonio Gasparetto

Quem vive de aparências desperdiça pelo menos metade da vida.

Uma vida de luta é uma vida de esperança.

Que não me falte disciplina para ter liberdade, nem tão-pouco coragem para ter bondade.

Em verdade vos digo, a vaidade, a inveja e a hipocrisia são o alimento do povo.

Os bons políticos estão quase todos desempregados.

Os animais mais parecidos com o Homem não são os macacos, são os abutres, as hienas, os pavões, as ovelhas e as cobras.

A desertificação é um paraíso para quem gosta de intrigas e para quem gosta de saber tudo da vida dos outros.

Grande é o privilégio de quem assume a sua loucura, num mundo onde quase todos tentam desmentir aquilo que são.

Os que levam o tempo a procurar a felicidade esquecem-se quase sempre de a criar.

O fanatismo é uma loucura epidémica, conduzida por velhacos, num delírio contagioso, que se transforma facilmente em raiva.

Poeta da província: um chico-esperto para o povo, mas sempre útil para os políticos locais usarem em nome da cultura.

As mentiras que ouvimos quando escutamos os políticos são as mesmas que lemos quando publicamos fotos nas redes sociais.

Fiz um intervalo atrás do sol-posto,
duas, quatro, cinco, dez léguas ou mais,
pra contar as rugas que tenho no rosto
e medir as causas desses meus sinais...

Calculei o tempo em cada refego,
dividi o tempo que passei sozinho,
subtraindo as penas q' inda aqui carrego,
por causa dos danos desse meu caminho...

Vendo barbas brancas vi um ar mais velho,
vi nesse momento mais de mil respostas,
e num alto grito escavaquei o espelho
e aventei as rugas para trás das costas...

Sei que minhas costas têm muitas cargas,
sei que nos meus ombros tenho um grande peso,
mas nestes meus ombros destas costas largas
também acumulo tudo o que desprezo...

A vida é composta destes intervalos,
destes retrospectos sempre benfazejos,
que nos dão imagens, que nos contam calos,
com aquele gosto que nos dão mil beijos.

Talvez exista um mundo onde os humanos castiguem mais os erros do que as virtudes.

O trabalho da nossa comunicação social confunde muitas vezes o dever de informar com o adultério de fazer propaganda.

Nos frequentes alaridos,
muitos são os que procuram
emprenhar pelos ouvidos,
e parirem, divertidos,
muitas coisas que censuram.

A nossa verdadeira pátria é a nossa vida.

Covardes e cúmplices são todos aqueles que veem o que está certo e não o fazem.

Nem sempre estou acordado, nem estou num só lugar, e no afã deste meu estado, quando me sinto cansado, acordo e volto a sonhar.

Os meus melhores amigos são crianças durante toda a vida.