Eu e Voce de Luiz Antonio Gasparetto

A glória só chega àqueles que com ela sonharam.

Onde intervêm o favor e as doações abatem-se os obstáculos e desfazem-se as dificuldades.

A indiferença ou apatia que em muitos é prova de estupidez pode ser em alguns o produto de profunda sapiência.

São sempre desatinadas as vinganças por ciúmes.

Há injúrias que temos de ignorar para não comprometermos a nossa honra.

Admiramos o mundo através do que amamos.

O mundo não deve ter fronteiras, mas horizontes.

Aqueles que nós definimos como os nossos dias mais belos não são mais do que um brilhante relâmpago numa noite de tempestade.

É falso que a igualdade seja uma lei da natureza. A natureza não faz nada igual; a sua lei soberana é a subordinação e a dependência.

Num povo ignorante a opinião pública representa a sua própria ignorância.

A autoridade não se consegue sem prestígio, nem o prestígio sem distanciamento.

O homem mais sensível é necessariamente o menos livre e independente.

A maioria das mulheres quase não têm princípios: conduzem-se pelo coração e, quanto aos seus costumes, dependem daqueles a quem amam.

Um leitor inteligente descobre frequentemente nos escritos alheios perfeições outras que as que neles foram postas e percebidas pelo autor, e empresta-lhes sentidos e aspectos mais ricos.

As coisas maiores só devem ser ditas com simplicidade; a ênfase estraga-as. As menores precisam de ser ditas com solenidade; elas só se sustentam pelo modo de expressão, pela atitude e pelo tom.

O silêncio, ainda que mudo, é frequentes vezes tão venal como a palavra.

Deve-se usar da liberdade, como do vinho, com moderação e sobriedade.

Há muita gente que, assim como o eco, repete as palavras sem lhes compreender o sentido.

Há uma certa vergonha em sermos felizes perante certas misérias.

O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.