Eu Deixo a Vida como Deixo o Tedio

Nas grandes coisas, os homens mostram-se como lhes convém; nas pequenas, mostram-se como são.

As revoluções duram semanas, anos; depois, durante dezenas e centenas de anos, adora-se, como algo de sagrado, esse espírito de mediocridade que as suscitou.

A alma só é bela pela inteligência, e as outras coisas, tanto nas ações como nas intenções, só são belas pela alma que lhes dá a forma da beleza.

A compaixão é que nos torna verdadeiramente humanos e impede que nos transformemos em pedra, como os monstros de impiedade das lendas.

O lazer sem as belas-letras é como a morte e a sepultura do homem vivo.

A honra é como a neve, que, perdida a sua brancura, nunca mais se recupera.

A virtude, tal como os corvos, aninha-se nas ruínas.

Na poça de lama
como no divino céu,
também passa a lua.

A luxúria é como a avareza: quantos mais tesouros tem, mais sôfrega se torna.

Administrar é como segurar um pombo em sua mão. Se você aperta muito, ele morre; se você afrouxa, ele voa.

Mais um ano que acaba.
Como esconderei dos meus pais
o cabelo grisalho?

O homem sem paciência é como uma lamparina sem óleo.

As empresas existem para criar e preservar seus clientes. Não para criar produtos, como muita gente imagina. Os produtos são efêmeros; os clientes não.

Nunca se é feliz como se acredita, nem feliz como se espera ser.

Como fazer para não fazer nada? Não conheço no mundo nada mais difícil. É um trabalho de Hércules, um aborrecimento de todos os instantes.

A sabedoria é geralmente reputada como pobre, porque não se podem ver os seus tesouros.

As virtudes perdem-se no interesse, tal como os rios no mar.

Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.

A justiça protege o justo como uma capa o resguarda da chuva.

O luxo, como o fogo, devora tudo e perece de faminto.