Yosa Buson

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chegado para ver as flores,
sobre elas dormirei
sem sentir o tempo

Lentos dias se acumulam -
Como vão longe
Os tempos de outrora.

lavrando o campo
a nuvem imóvel
se foi

sob a folhagem amarela
o mundo repousa enterrado...
exceto o Fuji

a noite passou rápida:
sobre a peluda eruca
contas de orvalho

Mar de primavera -
O dia todo
Lentamente ondula.

o ruído
de um rato sobre o prato
como resulta frio!

Brilho da lua se move para oeste
a sombra das flores
caminha para leste.

o velho calendário
enche-me de gratidão
como um sutra

o lutador, na velhice,
conta à sua mulher o combate
que não devia ter perdido

Yosa Buson
O livro dos haikais. São Paulo: Massao Ohno, 1980.

o crisântemo amarelo
sob a luz da lanterna de mão
perde sua cor

frio na alcova
ao pisar teu pente,
minha esposa morta

faisão da montanha,
o sol da primavera
pisa sua cauda

Partem os barcos -
Como ficam distantes
Os dias de outono!

Casal de patos.
Mas o tanque é velho e a doninha
os vigia.

Um rouxinol!...
E na hora do jantar
a família reunida.

capulhos na pereira
e uma mulger à luz da luz
lendo uma carta

sinto um agudo frio:
no embarcadouro ainda resta
um filete de lua

a borboleta
pousa sobre o sino do templo
adormecido

florescente espinheiro
tão parecido aos caminhos
onde eu nasci!

menina muda,
convertida em mulher
já se perfuma

A sensação de tocar com os dedos
O que não tem realidade -
Uma pequena borboleta.

curta noite
perto de mim, junto ao travesseiro
um biombo de prata

em rincões e esquinas
frios cadáveres:
flores de ameixeira

Oh cruel vendaval!
Um bando de pequenos pardais
agarra-se à relva.