Estav Contando as Estrelas no Ceu
sempre me perguntei se as pessoas não percebiam que eu estava triste hoje eu vejo que elas percebiam, só não se importavam.
acho que a ansiedade é isso mesmo
é quando você repousa a cabeça no travesseiro
e ele parece gritar nos teus ouvidos.
é quando a tua mente não para
nem na hora de dormir.
a poesia é o jeito do poeta dizer “eu não aguento mais”
enquanto diz “é só mais um erro”
e não, toda a sua história.
um dia você vai acordar e não vai doer mais
só que antes vai doer muito.
você vai sentir o peito apertar.
você vai se questionar se a dor não vai embora nunca.
mas vai,
só que antes ela vai te fazer sentir como se não existisse dor maior do que essa
(mas existirá).
eu só espero que um dia você lembre do quanto eu te amei.
e não te desejo isso como forma de punição
eu só quero que você perceba
que eu te amava
e você me quebrou.
Pensa bem, o que poderia ser melhor do que eu e você, uma noite de verão e minha boca inteira em seus olhos.
Eu poderia fazer o tempo parar, nós nunca mais sairíamos debaixo do céu.
meu maior medo é que essas crises existenciais se tornem frequentes e que essa sensação de derrota me consuma cada vez mais, que eu não consiga ver tudo de bom que a vida ainda pode me oferecer. eu tenho medo de me tornar aquelas pessoas chatas que reclamam de tudo e de todos, eu me sinto mal por ser assim, mas eu te prometo que se você me quiser, nós dois seremos as pessoas mais felizes desse mundo, porque você me traz paz em meio a todo esse caos, porque mesmo não acreditando nesse papo de destino e nem de alma gêmea eu acredito que a gente se pertence de alguma forma.
e foi no meio daquela tempestade que eu percebi que havia acabado, foi quando eu me dei conta de que estava sozinho mais uma vez. nós já não éramos mais “nós” era só eu, e só você, a gente havia acabado e mais uma vez ali estava eu, debruçado e de mãos dadas com a solidão novamente. eu estava como criança que a mãe havia esquecido no supermercado, estava frustrado, com medo, só queria te ver novamente. cada vez que escuto esses trovões me arrepio e sinto saudades, aquele foi o último beijo, e não acredito ser coincidência por ter sido debaixo de chuva. se é assim que acaba, imploro que essa tempestade me leve pra longe, que essa água lave todo esse sentimento dentro de mim, já fiz companhia a solidão algumas vezes, não suportaria passar por isso, não sabendo que essa é a última vez que a tive em meus braços.
eu me peguei pensando: como pode o amor acabar? como algo tão nobre pode simplesmente chegar ao fim ou deixar de existir?
quando eu era mais novo acreditava naquela coisa de felizes para sempre, mas agora depois que cresci um pouco eu vejo o quão patéticos somos de acreditar que o amor iria durar para sempre, se nem nós mesmos duramos para sempre.
e isso, em sua grande maioria, deve-se principalmente as expectativas que a gente põe tanto no próprio sentimento quanto na pessoa de quem a gente espera recebê-lo.
a gente acredita que a reciprocidade é algo válido e que sim, independente da intensidade, ele perdurará. mal sabemos que se não for na mesma medida em ambas as partes aquela reza toda feita pela humanidade, aquele conto de fadas ao qual somos induzidos a acreditar, não passará apenas disso: um conto. uma ilusão. e, acabamos por não mais sonhar, não mais acreditar, não mais criar expectativas. a gente apenas deixa seguir e fica apenas com aquele sentimento de que está faltando algo; algo que nos tirava desse mero ritual de apenas existir. no fim, algo que era para nos dar vida, acaba nos matando, mesmo que aos poucos.
