Escrita
Existem dois prazeres do escritor: o prazer de escrever, e o prazer de publicar, pra ser lido. E são dois trabalhos: escrever; e organizar o que se escreveu.
"Toda essa desesperança
é a minha bênção.
É ela a dor que me torna
imune ao orgulho, simples demais,
profundamente simples."
— UM MILÉSIMO | Dante Locatelli
"Finalmente, é a hora do poema.
Vou sair, levar a caneta para passear,
fazer linhas na folha em branco."
Tanto o escritor quanto o leitor são transportados para um novo mundo — a diferença é que o escritor tem o poder de moldá-lo.
Enlutado
No alvoroço da vida corrida ao anoitecer encontrei a minha mente apimentada no mundo dos sonhos.
Vasculhando entre alguns recortes e escritos de gaveta vi nascer com uma alegria imensa mais uma poesia complexa, inteira e ainda vos digo ademais, nascia ali mais um fenômeno da arte escrita no detalhe.
Até que eu acordei as pressas além de muito assustado com os latidos ofegantes da gangue dos cachorros caramelos em frente o portão da minha casa, isso me tirou metade do brio da poesia que estava por emergir, logo a outra metade da surreal poesia perdi no momento pelo qual fui lavar o rosto e beber água para tentar controlar as emoções e recuperar o raciocínio de tanto valor.
Além disso, foi uma pena perceber que havia perdido mais uma arte rara da escrita para o meu próprio subconsciente.
Enlutado como uma múmia voltei a dormir no desejo talvez de reencontrar os caminhos daquela tão sonhada poesia.
Versos vazios, palavras soltas,
Sem alma, sem coração, sem causas.
Escritos por hábito, pela costume,
Sem paixão, sem fogo, sem destinatário.
Nenhuma gota de amor, nenhuma lágrima,
Apenas letras, apenas rimas.
Sem significado, sem propósito,
Apenas palavras, apenas verso.
Eles não tocam o coração,
Não acordam sentimentos, não despertam.
São apenas sons, apenas ruídos,
Sem vida, sem amor, sem sentido.
Mas ainda assim, são escritos,
Porque é um hábito, porque é um vício.
Sem amor, sem paixão, sem alma,
Apenas palavras, apenas poemas.
Amargo é o gosto que se sente
Quando quando a gente
Não sabe amar.
Amarga é a pessoa
Que um dia veio a me amargurar.
Se você gosta de escrever, tudo o que o mundo exterior pode oferecer – aplausos, dinheiro, prêmios –, é indiferente. Nada disso te faz escrever melhor. E é só isso o que importa.
Nota: Trecho de entrevista publicada no site do jornal “O Globo”.
...MaisDos clássicos aos contemporâneos, os livros são fonte de conforto, mesmo quando nos incomodam ao apertar os cortes que ainda não cicatrizaram. Assim como alguns personagens seguem sua própria jornada de desenvolvimento, nós, leitores, passamos por várias etapas ao virar das páginas. Esse movimento duplo de mistura das vivências dos personagens e dos momentos reflexivos de nossas existências ajuda a somar à nossa bagagem e nos dão suporte para entender que existe esperança.
Escrever é um ato divino, as palavras chegam a nós como repentes de luz. Quando notamos já descerraram as cortinas de nossas almas assombradas.
Não se escrevem livros sendo feliz demais. Porque quando estamos felizes (demais) não temos nem tempo para escrever. Claro que se escrevem livros estando felizes também, ou na normalidade do cotidiano sem qualquer classificação de estado. Porém, os estados emocionais são impulsos e inspirações. Cabe a cada um então o que fazer com o que sente e o que a vida lhe dá, e escritores fazem isso, transformam tudo em uma versão poética, e transformam; logo constroem. (08/02/2018)
IMPRESSÕES DE MAIO
.
AS pétalas caem como um banjo,
Um violão, um som vazio,
Lembrando a queda de um anjo
Na foz vertente de um rio.
.
Um silvo escapa pelas costas
Que a gente ouve sem saber
Que a foz e rio são opostas
À direção que se quer ter.
.
A tarde suave, um fio imenso
Recolhe as pétalas da aurora
Não gosto nada do que penso
Nem penso em nada nessa hora.
De tanto respirar diferentes formas de arte, estranho seria se eu não me aventurasse por essa jornada.
As nossas escolhas sao como canetas,n tem como apaga las com umas simples borracha,somente como escondelas com um corretivo..
Palavras não valem nada se não ditas
As mesmas que se escritas,
eternizam um momento.
E aos olhos de quem lê,
podem dizer tudo que esperava ouvir.
O sorriso frio e congelado
aos poucos deixava ver
que o amor havia acabado
e nem fora para valer
Tudo agora seria passado
sem motivos de alegria
um adeus já era dado
sem ternura e sem poesia
Cavalos e palavras
A palavra é um meio. É forma. É uma ponte por onde atravessam os nossos saberes, nossas deduções, os nossos pensamentos. A palavra não é conteúdo, nem essência, nem música. Ela é um mero instrumento através do qual revelamos a voz da alma. Sem a palavra ainda existe música. É uma composição secreta, silenciosa, que soa apenas dentro de nós.
Eis o segredo da escrita: entender que a essência não se domina, mas se deixa fluir. A essência vive em nós desde a nossa primeira respiração. O que nos cabe é optar por um meio que possa revelá-la. Escolhemos que instrumentos preferimos tocar. O que se domina é o instrumento, a própria palavra, a gramática. Não o conteúdo.
Há pessoas que sonham em escrever, mas não revelam a poesia que carregam. A mudez de ações impede a essência de existir. A falta de prática, de comprometimento e de disciplina cala a voz da alma. Bloqueia a literatura no interior das mentes incessantes, transformando-as em prisões de segurança máxima.
A ideia é como um cavalo selvagem correndo solto por um gramado infinito. Ela é tão livre, tão cheia de possibilidades, que não consegue decidir por si só. Ela não sabe por onde ir. Nós existimos no plano físico para orientar a ideia. Nós conduzimos a ideia através da escrita. Damos nome ao cavalo, alimentamos, montamos nele e descobrimos o que nos espera quilômetros à frente.
A palavra é uma corda, uma sela, um balde de água potável. Só dominamos o cavalo quando sabemos do que ele precisa. Enquanto não entendermos o cavalgar da nossa própria mente não conseguiremos escrever. Porque nos prendemos facilmente à forma. Achamos que um texto bonito é mais importante que um texto que faça sentido. Mas o único texto verdadeiramente bonito é aquele que flui em sua essência, que se revela em sua forma mais pura.
O livro que você quer escrever já existe. Ele está aí dentro correndo solto, descontrolado, sem rumo certo. Se o seu desejo é escrever, é de sua responsabilidade parar para ouvi-lo, entender o que ele precisa, praticar o instrumento. Enquanto você não fizer isso, a música permanecerá muda. O cavalo permanecerá solto. E o livro permanecerá preso.
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