Escravidão
Muitas vezes nos prendemos à situações, porque achamos que não conseguiremos viver sem ou porque nos fazem crer nisso.
Mas eu já estive nesse lugar e num ato de desespero, joguei tudo para o alto e coloquei tudo para fora sem pensar
No primeiro momento achei que me arrependeria, mas veio a noite e tudo que eu consegui sentir foi paz
Não tinha barulho, não tinha julgamento, não tinha apontamento de nada
Amanheceu e a liberdade de fazer tudo que eu queria, sem hora marcada
Sem a obrigação de que tudo saísse na hora certa para que não houvessem brigas
Outra noite, outro dia
Outras noites e outros dias
Então me dei conta que tudo que eu havia expulsado da minha vida eram:
Exigências, depressão, autoritarismo, pânico, medo, humilhação e o apontamento dos meus erros e falhas
Nunca o reconhecimento das virtudes.
Talvez você esteja fazendo essa mesma confusão, se prendendo a infelicidade achando que é feliz.
Em nós até a cor é um defeito, um vício imperdoável de origem, o estigma de um crime; e vão ao ponto de esquecer que esta cor é a origem da riqueza de milhares de salteadores, que nos insultam; que esta cor convencional da escravidão, como supõem os especuladores, à semelhança da terra, através da escura superfície, encerra vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade.
Coisas que existem e não deveriam continuar existindo na humanidade : políticos , pessoas com títulos de nobresa , escravidão e preconceito.
Quem inaugura o ódio não são os odiados, mas os que primeiro odiaram. Quem inaugura a negação dos homens não são os que tiveram a sua humanidade negada, mas os que a negaram, negando também a sua.
Quando somos adolescentes, temos tanta pressa para crescer, arrumar um trabalho e parar de depender dos pais, que nessa ânsia não nos darmos conta de que embora menos perceptível, só trocamos uma escravidão por outra.
Perdoar não é permanecer onde você está sendo machucado.
Perdoar não é viver como escravo do agressor!
Perdoar requer autoestima de quem não quer mais carregar dentro de si algo que nunca mereceu!
Ainda estamos presos no Egito, escravizados por nossos medos e desejos, nos curvando diante de faraós invisíveis e ignorando a direção de Deus.
Minha Mãe
Gosto da inocência dela:
Benze crianças,
Faz simpatias,
Reza sorrindo,
Chora rezando.
Gosto da inocência dela:
Apanha rosas,
Poda os espinhos,
Coloca nas mãos,
De meninos branquinhos.
Gosto da inocência dela:
Conta histórias longas,
De negros perdidos,
Nas matas cerradas,
Dos chãos do país.
Ama a todo o mundo,
Diz que a ida à lua,
É conto de fada.
Gosto da inocência dela:
Crê na independência,
E é tanta a inocência,
Que até hoje ela pensa,
Que acabou a escravidão.
… Inocência dela…
Negritude
Ouço o eco gemendo,
Os gritos de dor,
Dos navios negreiros.
Ouço o meu irmão,
Agonizando a fala,
Lamentando a carne
Pisada,
Massacrada,
Corrompida.
Sinto a dor humilhante,
Do pudor sequestrado,
Do brio sem arbítrio,
Ao longe atirado,
Morto e engavetado,
Na distância do tempo.
Dói-me a dor do negro,
Nas patas do cavalo,
Dói-me a dor dos cavalos.
Arde-me o sexo ultrajado
Da negra cativa,
Usada no tronco,
Quebrada e inservida,
Sem prazer de sentir,
Sem desejos de vida,
Sem sorrisos de amor,
Sem carícias sentidas,
Nos seus catorze anos de terra.
Dói-me o feto imposto ao negro útero virgem.
Dói-me a falta de registro,
do negro nunca visto
Além das senzalas,
No comer no cocho,
No comer do nada.
Sangra-me o corte na pele,
Em abertas feridas,
De dores doídas,
No estalo da chibata.
Dói-me o nu do negrinho
Indefeso escravozinho,
Sem saber de razões.
Dói-me o olho esbugalhado,
No rosto suado,
No medo cravado,
No peito do menino.
Dói-me tudo e sobre tudo,
O imporque do fato.
Meus pêsames sinceros à mentira
multicolor da princesa Isabel.
Mas contudo,
Além de tudo
E muito mais por tudo,
Restou-me invulnerável,
Um imutável bem:
Ultrajadas as raízes,
Negados os direitos,
Ninguém roubou-me o lacre da pele.
Nenhum senhor. Ninguém!
"Os poderosos pregam a moral da ordem e da obediência, que atende bem aos interesses de uma hierarquia, levando os dominados a sentirem a culpa do desacato. Os dominados pregam a moral da esmola, da chantagem emocional e da tentativa de fazer o poderosos sentirem culpa pelo poder. Seus medos se tornam os gritos revolucionários, as teorias de conspiração, os castigos eternos e seus vícios. Seu heroísmo e valentia não passam de tentativas de assalto; a exaltação do crime, da rebeldia e da fraqueza como virtude. Uma forma de dizer ao dominador: 'posso me sacrificar por algo, pois nada tenho'".
"A principal dinâmica que existe na luta pelo poder é justamente a existência do fraco. Ele é tão importante que produzir indivíduos submetidos e frágeis é o centro de toda culturalização humana. O forte sempre estimula o fraco a amar sua fragilidade e alimentá-la como uma espécie de heroísmo e abnegação. Os mais fortes não controlam com base no bem e no mal, mas com base no controle em si mesmo. É tudo uma questão de graus de força e não de virtudes morais determinadas".
Aleph K. Wagner
(A Lei Natural do Domínio).
A moral é a cartilha sobre andar na linha dada ao dominado. Os dominadores não são obrigados a atender às expectativas boas ou más de sua massa de escravos. Quando o dominador pratica a imoralidade privadamente isso não desregula a ordem, já os dominados, se puderem ser vigiados até mesmo na privacidade assim o serão.
Sonho com o dia em que o desemprego será extinto!
Nessa ocasião florescerá o desenvolvimento pessoal, o equilíbrio social e sobre tudo a dignidade humana. Teremos as benesses de um mundo livre de amarras e escravidão. Termos vida! Seremos completos!
A casa grande se esforça ao máximo para revogar a lei Áurea, mas o que mais me entristece, é assistir o apoio de muitos da senzala .
- Brisas Intolerantes -
Palavras ao vento lhe são tiradas,
Pela brisa daquela perfeita orla,
Será que ela voltará a encontrá-las?
Ou irão se juntar ao marulho do mar?
Quem sabe ela se junte a um pequeno, porém grande, lavrador
Intolerado por intolerantes,
Que intoleram a própria natureza do ser,
Com um passado de miséria e dor,
Talvez ele pense que o sofrimento acabou,
Que sua liberdade, conquistou.
Mas surge a seguinte questão,
Eles continuam com suas regalias,
E os meus direitos, onde estão?
