Escolha
Nossos filhos têm todo o direito de cobrar-nos presença, já que personificam nossas escolhas e não há alegação válida para não dar-lhes suprimento. Mas pais eles não escolhem, e não lhes cabe o dever de dar amor a quem não tenha antes conquistado seu respeito. O que diferencia o pai de fato do pai de direito – bem como o direito legal do moral – não é o ato de se gerar um filho, mas o de fazer-se pai, que é muito mais substantivo e meritório do que o papel de mero provedor.
É direito legítimo e inalienável de toda pessoa ser o que é, independente de por escolha ou não. Às demais cabe tão somente o direito de não aceitar o que ela fizer contra seus diferentes, mas nunca por ser quem é.
A percepção da realidade não é uma escolha, mas um despertar espontâneo e automático como o que nos é oferecido todas as manhãs, após uma noite de repouso obrigatório: os olhos se abrem e somos avisados pelo cérebro de que acordamos. Porém, fica na decisão de cada um erguer-se ou aceitar o convite da preguiça para voltar a dormir por quanto tempo consiga. Mas a paciência da mente cósmica também é limitada: em dado momento terá que decidir entre levantar-se ou aceitar o coma de modo irreversível.
O dia em que todo indivíduo recusar-se a abrir mão de sua autonomia enquanto sujeito de escolhas, estará declarada a extinção definitiva e irreversível de toda tirania, despotismo e liderança focada num tipo de poder cujo objetivo não vai além de ampliar ao máximo o número de seus servidores.
Se sente que precisa defender um lado, defenda o certo. Se acha necessário escolher um, escolha o de fora.
O direito chama de “inimputáveis” aquelas pessoas que perdem a capacidade de fazer escolhas. Mas entende que quando se mostrarem lúcidas o bastante para fazê-las, devam ser igualmente responsáveis pelos resultados delas e tratadas em condição de igualdade com qualquer indivíduo no pleno exercício de seus direitos e deveres. Não lhes cabe, portanto, reclamar os bônus e se eximirem dos ônus por suas inconsequências.
Demonstrar respeito aos outros não é uma escolha, mas obrigação devida a todo indivíduo enquanto pessoa. Ninguém pode estar sujeito àquela falta de respeito que o exponha ou inferiorize, isso é fato. Mas há um outro tipo de respeito que nos brota na essência, queiramos ou não, e não se consegue oferecer gratuitamente quando o outro revela não dá-lo a si mesmo. Resta-nos, nesse caso, dedicar o obrigatório a todos, porquanto seres humanos, mas não desperdiçar aquele de caráter íntimo com quem inequivocamente não dá qualquer importância ao ato DE SE FAZER respeitar.
Apenas os fanáticos, os ignorantes e os insensatos fazem uma escolha por suas crenças. Pessoas racionais apenas percebem o sentido existente nas peças encontradas pelo caminho para justificar a procura por entendimento, não importando obter mais perguntas do que respostas. O essencial é não ignorar as pedras que pavimentam o caminho, e nem as tratar como se já se houvesse alcançado o ponto onde ele termina.
Crenças insanas são resultado de escolhas. Crenças sensatas resultam do exercício da inteligência, que as converte em hipóteses, e por último em consciência.
Há tempos que parei de me preocupar em fazer escolhas. Fica mais fácil delegar tal mister à Vida, quando claramente me diz que o assume em me colocando em estreita sintonia com as dádivas que me havia reservado.
Opinião é um jeito de pensar. Inteligência também. Só que uma é escolha. A outra é inata: ou a temos, ou não a temos, o que divide o mundo em dois: o dos que pensam, e o dos que pensam que pensam, mas somente replicam. Ambos têm acesso à informação, mas o primeiro a torna útil.
Os afetos fazem com que desejemos confiar em todas as pessoas. Só que confiança não é uma escolha nossa, mas uma conquista delas.
Combater o racismo sendo branco é uma questão de escolha. Lutar contra ele sendo negro é uma questão de sobrevivência.
Se ser uma pessoa honesta dependesse de escolha, a honestidade dela não seria autêntica, pois que surge e se desenvolve no indivíduo de forma natural e espontânea, e a isso se dá o nome de índole. A renúncia à desonestidade, porém, pode ser uma escolha a partir de uma tomada de consciência seguida da decisão.
Se optar pela retidão e pela ética surgisse de mera escolha por medo de punição pelos homens ou por Deus, a postura – por si mesma – não seria autêntica simplesmente porque integridade não decorre de decisão, mas de um aflorar espontâneo naquele que dela fará uso.
Não existe almoço grátis. Cada escolha que fazemos tem seu preço, e é quando o homem circunstancial deve dar lugar ao homem de consciência.
A tentação vai das escolhas de cada um...
A curiosidade pode ser a porta do inferno ou do conhecimento
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