Era
Ela repetia sempre "Carlos", era a sensualidade dela. Talvez de todos... Se você ama, ou por outra se já deseja no amor, pronuncie baixinho o nome desejado. Veja como ele se moja em formas transmissoras do encosto que enlanguesce. Esse ou essa que você ama, se torna assim maior, mais poderoso. E se apodera de você. Homens, mulheres, fortes, fracos... Se apodera.
- O tempo é fluido por aqui – disse o demônio.
Ele soube que era um demônio no momento em que o viu. Assim como soube que ali era o inferno. Não havia nada mais que um ou outro pudessem ser.
A sala era comprida, e do outro lado o demônio o esperava ao lado de um braseiro fumegante. Uma grande variedade de objetos pendia das paredes cinzentas, cor de pedra, do tipo que não parecia sensato ou reconfortante inspecionar muito de perto. O pé-direito era baixo, e o chão, estranhamente diáfano.
– Chegue mais perto – ordenou o demônio, e ele se aproximou.
O demônio era magro como uma vara e estava nu. Ele tinha muitas cicatrizes, parecia ter sido esfolado em algum momento num passado distante. Não tinha orelhas nem genitais. Os seus lábios eram finos e ascéticos, e os olhos eram olhos de demônio: tinham visto demais e ido muito longe, e frente ao seu olhar ele se sentiu menor que uma mosca.
– O que acontece agora? – ele perguntou.
– Agora – disse o demônio com uma voz que não demonstrava sofrimento nem deleite, somente uma horripilante e neutra resignação – você será torturado.
– Por quanto tempo?
O demônio balançou a cabeça e não respondeu. Ele percorreu lentamente a parede, examinando um a um os instrumentos ali pendurados. Na outra extremidade, perto da porta fechada, havia um açoite feito de arame farpado. O demônio o apanhou com uma de suas mãos de três dedos e o carregou com reverência até o outro lado da sala. Pôs as pontas de arame sobre o braseiro e observou enquanto se aqueciam.
– Isso é desumano.
– Sim.
As pontas do açoite ganharam um baço brilho alaranjado.
– No futuro, você vai sentir saudade desse momento.
– Você é um mentiroso.
– Não – respondeu o demônio. – A próxima parte é ainda pior – explicou pouco antes de descer o açoite.
As pontas do açoite atingiram nas costas do homem com um estalo e um chiado, rasgando as roupas caras. Elas queimavam, cortavam e estraçalhavam tudo o que tocavam. Não pela última vez naquele lugar, ele gritou.
Havia duzentos e onze instrumentos nas paredes da sala, e com o tempo, ele iria experimentar cada um deles.
Por fim, a Filha do Lazareno, que ele acabou conhecendo intimamente, foi limpa e recolocada na parede na ducentésima décima primeira posição. Nesse momento, por entre os lábios rachados, ele soluçou:
– E agora?
– Agora começa a dor de verdade – informou o demônio.
E começou mesmo.
Cada coisa que ele fizera, que teria sido melhor não ter feito. Cada mentira que ele contara – a si mesmo ou aos outros. Cada pequena mágoa, e todas as grandes mágoas. Cada uma dessas coisas foi arrancada dele, detalhe por detalhe, centímetro por centímetro. O demônio descascava a crosta do esquecimento, tirava tudo até sobrar somente a verdade, e isso doía mais que qualquer outra coisa.
– Conte o que você pensou quando a viu indo embora – exigiu o demônio.
– Pensei que meu coração ia se partir.
– Não, não pensou – contestou o demônio, sem ódio. Dirigiu seu olhar sem expressão para o homem, que se viu forçado a desviar os olhos.
– Pensei: agora ela nunca vai ficar sabendo que eu dormia com a irmã dela.
O demônio desconstruiu a vida do homem, momento por momento, um instante medonho após o outro. Isso levou cem anos ou talvez mil – eles tinham todo o tempo do universo naquela sala cinzenta. Lá pelo final, ele percebeu que o demônio tinha razão. Aquilo era pior que a tortura física.
Mas acabou.
Só que, quando acabou, começou de novo. E com uma consciência de si mesmo que ele não tinha da primeira vez, o que de certa forma tornava tudo ainda pior.
Agora, enquanto falava, se odiava. Não havia mentiras nem evasivas, nem espaço para nada que não fosse dor e ressentimento.
Ele falava. Não chorava mais. E, quando terminou, mil anos depois, rezou para que o demônio fosse até a parede e pegasse a faca de escalpelar, ou o sufocador, ou a morsa.
– De novo – ordenou o demônio.
Ele começou a gritar. Gritou durante muito tempo.
– De novo – ordenou o demônio quando ele se calou, como se nada houvesse sido dito até então.
Era como descascar uma cebola. Dessa vez, ao repassar sua vida, ele aprendeu sobre as consequências. Percebeu os resultados das coisas que fizera; notou que estava cego quando tomou certas atitudes; tomou conhecimento das maneiras como infligira mágoas ao mundo; dos danos que causara a pessoas que mais conhecera, encontrara ou vira. Foi a lição mais difícil até aquele momento.
– De novo – ordenou o demônio, mil anos depois.
Ele agachou no chão, ao lado do braseiro, balançando o corpo de leve, com os olhos fechados, e contou a história de sua vida, revivendo-a enquanto contava, do nascimento até a morte, sem mudar nada, sem omitir nada, enfrentando tudo. Abriu seu coração.
Quando acabou, ficou sentado ali, de olhos fechados, esperando que a voz dissesse: “de novo”. Porém, nada foi dito. Ele abriu os olhos.
Lentamente, ficou de pé. Estava sozinho.
Na outra ponta da sala havia uma porta, que, enquanto ele olhava, se abriu.
Um homem entrou. Havia terror em seu rosto, e também arrogância e orgulho. O homem, que usava roupas caras, deu alguns passos hesitantes pela sala e parou.
Ao ver o homem, ele entendeu.
- O tempo é fluido por aqui – disse ao recém-chegado.
Já perdi as contas de quantos caras se decepcionaram por achar que eu era a mulher da vida deles. Eu sou a mulher da minha vida.
Bill me deu um livro para ler durante as férias. O apanhador no campo de centeio. Era o livro favorito de Bill quando ele tinha a minha idade. Ele disse que era o tipo de livro feito para nós.
Li as primeiras vinte páginas. Não sei como me senti em relação a ele, mas parecia apropriado naquele momento.
Quando a vi
Achei que a conhecia de algum lugar
Era deslumbrante
A sua maneira de olhar
Quis conversar
Mas o que dizer?
Sou tímido de nascença
Para tentar lhe conhecer
Sem perceber
Eu me apaixonei
Por uma garota que mal conhecia
Mas isso é o amor
Sem que notasse
A admirava de longe
Queria todo aquele momento
Que naquela pessoa se esconde
Quando menos esperava
Você a mim se dirigiu
Com belas e doces palavras
Que o meu coração atingiu
Mal pude eu conversar
Mal pude eu entender
Estava diante de uma pessoa tão bela
Que mal pude responder
Tão linda, tão meiga
Tão bela, tão negra,
Tão ela, tão nela
Se esconde toda uma riqueza.
Eu era um homem que se fortalecia na solidão; ela era para mim a comida e a água dos outros homens. Cada dia sem solidão me enfraquecia. Não que me orgulhasse dela, mas dela eu dependia. A escuridão do quarto era como um dia ensolarado para mim.
Eu amo tanto você, que não tem explicação,
Des do dia em que te conheci, sabia que era amor pra valer,
Sabia que seria difícil e teríamos muitas barreiras,
Mas o amor vence todas elas, e ao seu lado sei que estou segura,
Amo tudo em você,
O brilho dos olhos, a maneira que você fala,
Amo quando diz que sou perfeita, mesmo eu sabendo que não sou,
Amo a maneira que você me toca, os seus beijos,
Como sempre é sincero em qualquer situação,
Mas amo principalmente a maneira de como sou quando estou com você.
Quero que saiba que quando estou e quando sei que tenho você, mais nada importa.
Quero envelhecer ao seu lado,
Te amo muito, e se for amor que seja eterno.
Ela era feita de desejos ambiciosos. Do ouro do mundo, um pôr do sol lhe bastava. Buscava a riqueza do vendaval da liberdade. Queria deixar flores de herança para o mundo.
Minha mãe dizia que eu era como a água. A água abre caminho mesmo através da rocha. E diante de algum obstáculo, ela encontra outro rumo.
DESEJO
A primeira vez que te vi, senti como se já te conhecesse de longas datas.
Porém era a primeira vez que nos víamos.
Eu te achei lindo e no fundo da minha alma, desejei que fosse meu.
Naquela época ficou assim, pois esse desejo era proibido.
O tempo passou e já não era mais proibido lhe desejar.
Mas nada aconteceu e o tempo passou.
Depois de muitos anos nos reencontramos.
Meu coração não podia se conter...
Tanto desejo reprimido, tantos sonhos e planos não realizados.
Seria fruto da minha imaginação, desejar tanto assim?
Que alegria descobrir que você também me desejava.
Não era um simples sonho que sonhei sozinha.
Era realidade e o desejo era recíproco.
Que bom podermos nos entregar a esse desejo.
Sem culpa, sem medo, pois nada é proibido, somos livres.
Agora eu desejo mais que apenas te encontrar e descobrir.
Continuo com o desejo de sermos somente eu e você.
Desejo que você também deseje o mesmo!
Para falar a verdade, meu coração continua parado. Será que meu antepassado era algum tipo de zumbi?
"você era meu porto seguro
Mas eu havia esquecido que
Até mesmo portos de segurança
Podem ser bombardeados"
NÃO QUERO MAIS
tudo que eu queria era só mais uma chance
e eu iria te dizer que eu podia fazer melhor
eu tentei te falar, mais você nem quis me ouvir
foi me julgando e eu sem saber o porquê
agora me diz o que eu fiz de errado?
se você não queria mais, simples era dizer adeus
nem deixou eu dizer o que se passava
Desculpa, quem não quer mais sou eu
Eu te amei demais, mais quem ama não faz sofrer
Agora você vem me dizer que quer voltar atrás
faz juras de amor dizendo que dá pra continuar
eu tentei te explicar mas você nem quis saber
agora que já sabe da história quer se desculpar?
Sinto muito, mais agora quem não quer sou eu.
cansei de tudo que já fez comigo por nada
brigando por coisas pequenas, que nem faziam sentido algum
o meu maior erro, foi ter corrido atrás
mais quer saber, eu também não queria mais.
Certa vez em uma viagem vi um lindo jarro para decorar, minha casa, como o dinheiro não era suficiente agradeci,mas o simples dono do estabelecimento praticamente me convenceu a çevar o objeto,e eu pagaria depois, mas como se eu não sei se ainda volto a essa cidade?E se eu não te pagar o senhor irá perder, mas o homem falou eu perderei caso não me pagues depois, mas você perderá muito mais pois sua consciência não o deixará em paz.
Cada vez que abraçava você o mundo parava de rodar por um segundo. E eu achava que aquilo era amor, achava que aquilo era o certo, achava que a gente era certo um na vida do outro. Mas não foi. Não fui. Não fomos. Não somos.
