E no meio de Tanta Gente Chata
Boa mulher
Mulher, elegância não é a cintura fina, charme não é a bolsa cara e o salto alto, postura não é a coluna ereta, atraente não é apenas o bumbum empinado, caráter não é hipocrisia, não é negar o que você faz, tampouco fazer-se de “santa”, beleza não é o salário alto e a barriga lisinha.
Caráter é boa conduta, caráter são atos adequados as palavras, beleza é humor, dignidade e decência, postura é personalidade forte, é saber o que se deseja e batalhar com altivez e honestidade.
Elegância é a classe nas atitudes, é transparência na forma de viver, é ter os olhos brilhando e as palavras suaves. Atraente é a forma com que vive, com que age, com que fala, atraentes são as palavras gentis, porém sinceras.
Charme é a franqueza sem estupidez, é saber a hora de silenciar e o momento apropriado para falar, charme é saber pedir “desculpas”, é chorar, borrar a maquiagem, mas virar a página sem lastimar, sem estragar o humor, sem pisar em quem não merece.
Postura é atitude firme, é o amor-próprio refletido nos atos, na altivez com que se faz opções, na dignidade com que se muda de objetivos e se estabelece novas metas. Ser mulher é uma dádiva, mas ser uma boa mulher não é mérito de todas.
É necessário, sem medo, renascer, recomeçar, reviver ou recordar, quantas vezes precisar, para ser quem se quer ser.
Porque (Carlos Drummond de Andrade)
Amor meu, minhas penas, meu delírio,
Aonde quer que vás, irá contigo
Meu corpo, mais que um corpo, irá um'alma,
Sabendo embora ser perdido intento
O de cingir-te forte de tal modo
Que, desde então se misturando as partes,
Resultaria o mais perfeito andrógino
Nunca citado em lendas e cimélios
Amor meu, punhal meu, fera miragem
Consubstanciada em vulto feminino,
Por que não me libertas do teu jugo,
Por que não me convertes em rochedo,
Por que não me eliminas do sistema
Dos humanos prostrados, miseráveis,
Por que preferes doer-me como chaga
E fazer dessa chaga meu prazer
3 de maio
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi
Tenho medo de respostas apressadas. Elas dizem sem dizer. É sábio experimentar o silêncio do ainda não dito antes de revesti-lo de palavras.
Saiba separar as verdadeiras amizades das falsas, pois nem sempre as pessoas mais próximas são as mais confiáveis.
Não vi o seu rosto
_ ele estava mergulhado entre as minhas coxas_
Não beijei sua boca
_ ela estava ocupada me beijando os lábios...
O Brasil inventou a categoria do OBVIOSCENO: aquilo que, justamente por ser óbvio, é proibido como obsceno.
Fui instantaneamente acordada pelo pesadelo criado pelos meus demônios, amedrontada por não poder evitá-los como sempre fiz. E me é cada vez mais instigante o fato de que a cada dia mais eles se assemelham com minha realidade. Antes fossem deveras irreais, visto que de alguma forma minha consciência me diria tranquila que tudo não passara do que os estudiosos chamam de: resto de informação. Sim, todos esses sonhos devem ter fundamento nas minhas mais humilhantes covardias, como se o meu medo atraísse todo o mal que me aguarda ansiosamente. Meu inferno pessoal já sente tanto a minha falta que me persegue antes que houvesse chegado o meu dia, tratando-me já como posse - um brinquedo - por não ter suposto pra minha alma um destino melhor merecido. Assim se fazem meus momentos, torturantes e regados a sorrisos sombrios encobrindo um coração nostálgico e cansado de doer. Quero contar que cada batimento assemelha-se a uma mão áspera que o truxida árduamente, incessantemente, como demonstrando o quão prazeroso é me ver desfalecendo. A sede que um dia sentí pela vida foi se esvaindo tanto quanto não me resta mais desejo de imaginar futuros, nem de me incluir nos planos das pessoas mais próximas. Nem meus mais afetos são capazes de enchergar nas entrelinhas que algo me deixara doente. Mas, seria o choro mais profundo da alma uma doença? Ou o reflexo de que o viver é cansativo demais para quem tem um espírito anêmico e marcado pelas mordidas dilaceradas e com cicatrizes profundas causadas pelos sanguessugas da hipocrisia, da hegemonia posuda e mentirosa, das leis que afligem o pobre e enaltecem o rico. Sinto que até minha fuga do assunto como ele é, vem como uma explicação enigmática pra quem me escuta. Só quem lê com a alma é capaz de entender o que meus demônios me fazem. Tenho saudades do tempo em que sabia dominar ao menos meus pensamentos e minha vida.
Estudar muita matemática desenvolve tremendamente a capacidade de raciocinar sobre o que não existe.
